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Construção civil supera 3 milhões de empregos formais e acende alerta para crédito

Mesmo com recorde de vagas e maior salário médio de admissão entre os setores, setor enfrenta queda drástica no crédito para produção e teme desaceleração em 2026

Fernando Frazão/Agência Brasil – A construção civil brasileira ultrapassou em maio a marca de 3 milhões de empregos formais, número que não era atingido desde 2014. De acordo com dados do relatório do segundo trimestre da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), o setor acumula 948 mil novas vagas desde 2020, com crescimento registrado em todos os segmentos, especialmente em Serviços Especializados para a Construção, que teve alta de 5,23% no último ano.

Os números indicam vitalidade e forte impacto social da construção: quase metade das novas vagas foi preenchida por jovens de 18 a 29 anos, e mais de 60% dos contratados têm ensino médio completo. Além disso, o setor oferece o maior salário médio de admissão do país (R$2.436), superando serviços, indústria e até administração pública. São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina lideram a geração de empregos, com destaque para as capitais São Paulo, Belo Horizonte e Salvador.

Apesar dos avanços no mercado de trabalho, a Cbic aponta para uma preocupação crescente com a queda do crédito para produção. Entre janeiro e maio de 2025, foram financiadas apenas 24.115 unidades com recursos do SBPE, uma retração de quase 63% em comparação a 2024. Segundo a economista-chefe da entidade, Ieda Vasconcelos, a alta da Selic (mantida em 15%) e a fuga de recursos da poupança têm elevado o custo do crédito, dificultando novos lançamentos e travando a expansão do setor.

O presidente da Habicamp, Francisco de Oliveira Lima Filho.

O índice de atividade do setor atingiu 48,8 pontos em junho, o melhor resultado desde novembro de 2024, mas ainda abaixo da linha que indica crescimento. A projeção da Cbic para 2025 permanece em alta de 2,3%, sustentada por contratos antigos, mas a expectativa é de cautela. “Se os juros continuarem altos, a desaceleração será inevitável”, afirma Ieda.

Para Francisco de Oliveira Lima Filho, presidente da Habicamp, “o desempenho do setor mostra sua força no presente, mas precisamos garantir as condições para que ele continue crescendo no futuro, com crédito acessível e ambiente propício ao investimento.”

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