Inteligência artificial colocada à disposição dos municípios
Um estudo coordenado por Gabriela Celani, professora na Faculdade de Arquitetura da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), discute técnicas de inteligência artificial que podem ser aplicadas pelo poder público e sociedade civil para melhorar a urbanização das cidades. A iniciativa é apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pela Universidade de Melbourne, na Austrália.
De acordo com a pesquisadora e arquiteta, o estudo propõe a utilização de técnicas como algoritmos genéticos, autômatos celulares, fractais, sistemas adaptativos complexos, que são temas ligados à inteligência artificial. Essas técnicas permitem desenvolver regras para o desenvolvimento das cidades que levam em consideração as condições locais. “Você pode relacionar em um programa de computador questões como a circulação de veículos, incidência do sol na edificação, ao invés de ter uma legislação urbana genérica, que não consegue levar em consideração casos muito particulares de cada lote e relações entre diversos fatores. A aplicação das regras estabelecidas pode ser feita de maneira automatizada, programada de acordo com a identificação das condições do entorno.”
Segundo ela, este tipo de programação em computador, para a execução de decisões que sejam benéficas para a urbanização das cidades, ainda não chegou a ser implantada, e a legislação atual é mais genérica. O motivo para isso, de acordo com ela, é o trabalho necessário para estabelecer manualmente as relações entre as construções e as características de cada espaço, que seria muito grande sem o uso de algoritmos específicos para isso.
“Usando a automação, você deixa de depender de simplificações, que são necessárias quando se tem que fazer tudo manualmente, e a atuação então ocorre de maneira mais precisa. Essa automação permitiria que tivéssemos uma relação mais harmônica, por exemplo, entre o gabarito das construções, ao invés de variações grandes, como prédios muito altos ao lado de prédios muito baixos.”
Outro exemplo seria relacionar o fluxo de veículos de uma via com as densidades habitacionais e assim evitar os congestionamentos. Mesmo que esses estudos ainda não tenham sido implementados, eles apontam para uma tendência em desenvolver ações para a elaboração de políticas, ocupação, uso do solo, planejamento e design urbano, que pode tornar as cidades mais agradáveis (Correio Popular)