Apartamentos estão encolhendo para atender a procura do novo comprador
Os novos modelos de famílias impactam no tamanho da área: apartamentos
reduziram em até 15% a área privativa (a estimativa é de 25% de redução em 2025), essa redução chega em 50% quando se tratam das casas. Vida digital com menos circulação dentro dos espaços e aumento de encargos para contratação de serviços domésticos são outros fatores que impactam nessa redução.
“A preocupação dos empreendedores hoje não é a crise, mas o tipo de imóvel que vão lançar”, comenta Marcus Araújo, presidente e fundador da Datastore, uma das empresas líderes em inteligência para o segmento imobiliário.
Segundo o executivo, o conceito de morar hoje está mais atrelado a um
serviço. Há o perfil da impermanência e da mobilidade dos imóveis, que
reduzem a burocracia que engessa o mercado. “Estamos vivendo a cultura do desapego, que valoriza uso e não posse. É um novo perfil de consumidor que precisa de um serviço que não fique atrelado aos vencimentos de contratos para mudar de um imóvel ao outro”, acrescenta.
As mudanças que afetam o comportamento do consumidor e que a indústria imobiliária precisa se atentar são:
– Comprador de hoje fica conectado de oito a nove horas por dia;
– Cerca de 96% desse público-alvo têm um smartphone na mão;
– Mulher é a chave do produto imobiliário, já que inserida no mercado de
trabalho, tem cada vez menos filhos;
– Novos casais tem um filho (e um pet): as três pessoas ficam conectadas;
– Essas famílias pagam mais caro para ter menos matéria-prima e maior valor agregado: espaços compartilhados precisam apostar na decoração e em equipamento de primeira linha (exemplo: academias equipadas).
Corretores capacitados a entender esses novos hábitos e perfil do cliente
digital estabelecem uma jornada de maior confiança nos negócios, promovendo a chamada comunicação inbound, que é responder às perguntas desses compradores antes mesmo de elas serem feitas.
Tendência aponta para produtos mais enxutos
As plantas com um dormitório estão mais em alta que as com quatro
dormitórios. Com o conceito de coliving, a aposta está em áreas privativas
menores com espaços que possam ser compartilhados dentro de um prédio, como lavanderias e área coworking para citar exemplos.
A varanda gourmet ganha uso ampliado. O conceito “vida de varanda” já
engloba uso desse espaço para o home office, além de ser a área da família
se reunir durante as refeições. A varanda gourmet será uma protagonista dos próximos dois a três anos nos apartamentos. A área interna procurada é menor, mas esse espaço ganha destaque, segundo Araújo.
Alguns desses imóveis, de acordo com o executivo, disponibilizam carros
elétricos, motos e bicicletas no estilo compartilhamento. “No passado a área
de lazer tinha pelo menos 60 itens. Hoje ela está reduzida a 12 itens para
atender ao novo consumidor”. As pessoas querem menos metragem, porém mais significado e serviço para o empreendimento imobiliário.