Construção civil lidera com maior rotatividade de mão de obra no Brasil
Setor registra uma taxa de 65,66% de rotatividade, mais que o dobro da média nacional, segundo levantamento
O setor da construção civil no Brasil registrou a maior rotatividade de mão de obra entre todos os setores econômicos do país. De acordo com um levantamento da consultoria Tendências, nos 12 meses até agosto, a taxa de rotatividade foi de 65,66%. Esse índice é significativamente superior à média registrada para toda a economia brasileira, que ficou em 34,74%. A alta rotatividade reflete a natureza volátil do emprego no setor, especialmente com a demanda por trabalho temporário.
Os dados utilizados no levantamento são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que monitora o emprego formal no país. O estudo considerou o período de setembro de 2023 a agosto de 2024. A construção civil lidera, seguida pela agricultura, com uma taxa de rotatividade de 50,57%, também caracterizada por mão de obra temporária, enquanto comércio e serviços apresentam índices menores, de 35,39% e 32,05%, respectivamente.
Dentro do setor de serviços, que é um dos grandes empregadores do país, a rotatividade apresenta variações significativas. Em serviços domésticos, por exemplo, o índice é elevado, chegando a 60%, enquanto na administração pública, onde os vínculos de emprego são mais estáveis, a rotatividade é de apenas 17,4%.
No contexto regional, a rotatividade de mão de obra também apresenta variações. Em três estados, Mato Grosso, Goiás e Espírito Santo, a taxa superou os 40%. Já no Distrito Federal, onde o setor público tem uma participação mais relevante no mercado de trabalho, a rotatividade é menor, com 28,47%, evidenciando a influência da estabilidade no emprego público.
O presidente da Habicamp, Francisco de Oliveira Lima Filho, destacou a necessidade de se repensar as estratégias de contratação na construção civil, afirmando que “a alta rotatividade prejudica a continuidade dos projetos e dificulta a formação de uma mão de obra qualificada, afetando diretamente a eficiência do setor”.