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Crédito para a construção civil ainda sofre com os efeitos da crise econômica

O mercado de crédito para a construção civil ainda sofre os efeitos da crise econômica brasileira. Apesar da inflação ancorada e da tendência de queda nas taxas de juros, 2017 começou com uma redução na concessão de crédito.

O Boletim Construção Civil do Ceper/Fundace mostra que, na comparação entre os meses de abril de 2016 e 2017, as operações de crédito declinaram 15,28% e o financiamento imobiliário diminuiu 6,69%.

Seguindo a tendência nacional, os financiamentos imobiliários no estado de São Paulo também apresentaram uma trajetória decrescente. A redução nas operações de crédito em abril de 2017 em relação ao mesmo mês de 2016 foram mais intensas em São Paulo do que no Brasil: 16,75%. Por outro lado, a redução nos financiamentos imobiliários em São Paulo foram um pouco menores do que o observado no Brasil: -6,21%.

Na Região Administrativa de Ribeirão Preto (RARP), no comparativo entre os meses abril dos dois referidos anos, o declínio no crédito foi menor que no estado: de 15,14% nas operações de crédito e 3,41% no financiamento imobiliário. No município de Ribeirão Preto, as quedas se assemelham às verificadas na RARP: 15,12% nas operações de crédito e 2,88% no financiamento imobiliário.

Análise – De acordo com o pesquisador do Ceper, de uma forma geral, nota-se que o setor da construção civil, após um período de elevado crescimento, passou por boa parte do ajuste necessário para se adequar à nova realidade.

“Houve uma forte redução dos lançamentos (exceto pelo Programa Minha Casa Minha Vida) e o preço real de venda dos imóveis começa a se estabilizar após um processo de retração iniciado no final de 2014, o que deve ser uma tendência ao longo deste ano e do próximo, para uma possível retomada em 2019”, analisa ele.

Com o processo de redução de juros, espera-se uma leve elevação da demanda ao longo de 2018, visto que este é um componente fundamental do preço para os compradores de imóveis residenciais e comerciais.

Adicionalmente, a redução dos juros faz com que os investidores passem a buscar por novas oportunidades de retorno e o investimento no setor imobiliário com a estabilização tende a ser cada vez mais atraente. “Um componente fundamental na retomada do setor a partir de 2019 é a eleição presidencial do ano que vem”, acredita Nakabashi.

PIB do setor – Com base nos dados do IBGE, verifica-se que o PIB da construção civil atingiu seu ponto mais baixo no primeiro trimestre de 2017. Em comparação ao mesmo trimestre de 2016, a queda foi de 6,3%.

O Índice de Confiança da Construção Civil aponta uma melhora de 0,2 pontos percentuais em junho, logo após ter sofrido uma drástica queda de 3 p.p. em maio. O principal componente responsável por essa alta foi a expectativa dos negócios para os próximos seis meses, cuja queda de 3,8 pontos em maio foi seguida de uma elevação de 0,4 ponto em junho.

A utilização da capacidade instalada da construção civil atingiu seu patamar mais baixo em junho (61,5), seguindo a sequência de quedas ininterruptas iniciadas em janeiro./2017. Além do nível de utilização da capacidade instalada, o emprego também tem sido castigado pela fraca atividade do setor de construção. Apesar do saldo seguir apontando queda no emprego formal na construção civil em 2017 (-23.043), essa redução é bem mais branda do que as observadas em 2015 (-105.031) e 2016 (-82.172).

Preço dos imóveis – De acordo com os dados do índice FipeZap, que acompanha o preço de venda de imóveis, em junho de 2017 houve uma estabilização no índice de preços reais para as capitais da região Sudeste.

“Apesar de seguir em declínio, há um arrefecimento da queda real de preços na medida em que ocorre um ajustamento da oferta de imóveis novos, além da estabilização da inflação e do processo de redução dos juros”, explica o pesquisador do Ceper.

Os dados do FipeZap indicam que em junho de 2017, o valor médio dos imóveis foi de R$ 7.668/m². O Rio de Janeiro apresentou o m² mais caro do País (R$ 10.082), seguido por São Paulo (R$ 8.680) e Brasília (R$ 8.385).

Através do trabalho conjunto da ABRAINC (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) com a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), têm-se o quadro geral acerca do lançamento de imóveis no País a partir dos dados de 20 empresas associadas à Abrainc.

Tendo como referência o mês de abril deste ano, nos últimos doze meses foram lançadas 69,5 mil unidades, entre empreendimentos residenciais, comerciais e de desenvolvimento urbano. Em comparação com o mês de abril de 2016, quando no acumulado de doze meses foram lançadas 64,4 mil unidades, houve um aumento de 8,0%. Considerando o mesmo período, foram vendidas 103,7 mil unidades, uma queda de 2,0% frente às 105,8 mil nos 12 meses imediatamente anteriores.

Analisando por segmento, o aumento no número unidades lançadas foi impulsionada pelos empreendimentos vinculados ao programa Minha Casa Minha Vida, responsáveis por 78,1% dos lançamentos, que tiveram um incremento de 14,8%. Por outro lado, o lançamento empreendimentos de Médio e Alto Padrão (MAP) foi reduzidos em 0,9%.

No acumulado das vendas, em que os empreendimentos MCMV representam uma parcela menor (55,8%), o aumento deste segmento (+18,7%) não foi capaz de compensar a queda nos demais, principalmente a dos MAP (-13,6%), resultando em queda geral de 2%. (Último Instante)

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