Crescem investimentos na região de Campinas
Aos poucos, os investimentos produtivos começam a reaparecer na economia da região de Campinas. A Pesquisa de Investimentos Anunciados no Estado de São Paulo (Piesp), divulgada ontem pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), mostra que foram anunciados US$ 1,13 bilhão em recursos que serão consumidos em empreendimentos como novas fábricas, centros de consumo e infraestrutura. O valor é 144,71% acima dos US$ 464,7 milhões de 2016. A Região Administrativa de Campinas foi a segunda em volume de investimentos no primeiro semestre deste ano no Estado de São Paulo, com uma participação de 10,2%. O primeiro posto foi ocupado pela Região Metropolitana de São Paulo com US$ 6,2 bilhões, que corresponderam a 55,9% dos US$ 11,1 bilhões do Estado.
Apesar dos números mais otimistas do que no ano passado na região de Campinas, o valor deste ano ficou abaixo de períodos anteriores como 2012 com US$ 7 bilhões e 2015 com US$ 1,74 bilhão. De acordo com os dados da Fundação Seade do estudo referente ao primeiro semestre deste ano, 54,3% dos investimentos anunciados são do setor industrial, que somam US$ 623,4 milhões.
A pesquisa apontou que as empresas de veículos automotores anunciaram US$ 175 milhões em recursos em suas plantas ou centros de pesquisa. Em seguida, veio o setor de celulose e papel com US$ 161,1 milhões. As empresas de produtos alimentícios vão injetar US$ 159,9 milhões nos negócios. As fabricantes de produtos químicos informaram um total de US$ 126,2 milhões e as empresas de produtos têxteis um total de US$ 1 milhão. A segunda área que mais receberá recursos será de infraestrutura, com US$ 297,6 milhões. O segmento de serviços vai aplicar US$ 150 milhões e o comércio outros US$ 66,2 milhões.
Com uma economia diversificada, a RA de Campinas apresenta uma lista de investimentos que contemplam todos os grandes segmentos. A analista de Projetos da Gerência de indicadores Econômicos da Seade, Margarida Kalemkarian, afirmou que a região de Campinas tem como uma das principais características um complexo industrial diversificado e moderno, com empresas de alta tecnologia que encontram nos centros de pesquisa e universidades o suporte para o desenvolvimento de produtos.
“A região de Campinas é hoje o maior núcleo industrial do Estado de São Paulo”, comentou Margarida. Ela exemplificou com investimentos como da chinesa BYD em mobilidade elétrica e nos painéis solares. “Os veículos elétricos estão no topo do avanço da tecnologia em mobilidade urbana”, acentuou a especialista, lembrando ainda que a região também abriga indústrias de alto valor agregado em tecnologia da informação (TI) e informática. Margarida informou ainda que as concessões ainda trarão investimentos para a região. “No pacote de concessões dos aeroportos paulistas, dos cinco terminais que entraram no programa, por exemplo, três estão na região de Campinas”, detalhou a analista. Ela lembrou do Aeroporto dos Amarais, concedido no primeiro semestre deste ano para o consórcio Voa São Paulo que vai aplicar o montante de R$ 28,6 milhões em recursos no local.
A analista afirmou que o cenário de investimentos neste ano está bem melhor do que em 2016 e já esboça uma retomada puxada, principalmente, pelo capital estrangeiro. “Nos anos anteriores, em que tivemos somas maiores de investimentos, o setor que estava em primeiro lugar em volume de recursos era de infraestrutura. Na pesquisa deste ano, a indústria é que lidera os investimentos”, comentou Margarida.
Ela disse que as montadoras foram o segmento dentro do setor industrial com a maior soma de investimentos anunciados. “O setor passou por um período complicado e, aos poucos, vai recuperando o fôlego. As exportações ajudaram a melhorar os resultados deste ano. As empresas estão investindo em capacidade, inovações, novas tecnologias e novos modelos”, apontou.
Margarida ressaltou que a retomada dos negócios das montadoras impulsiona uma engrenagem cuja cadeia produtiva é grande e gera milhares de empregos. A especialista destacou anúncios como os US$ 813,4 milhões da Scania na fábrica de São Bernardo do Campo, e os US$ 130 milhões da Hyundai em Piracicaba. “As perspectivas são positivas com os acordos automotivos com outros países e os novos regimes automotivos que irão estimular a busca por mais eficiência, novas tecnologias e sustentabilidade”, afirmou.
A técnica reforçou que o capital estrangeiro é, atualmente, a principal fonte de investimentos na economia paulista. “Os estrangeiros estão aproveitando as oportunidades que surgem e também o momento econômico do País, com a queda dos juros, que torna mais favorável o financiamento para produção”, analisou.
Mas, apesar de o cenário mais favorável, o professor da Faculdades de Campinas (Facamp), José Eduardo Ruas, afirmou que a base de comparação com 2016 fica distorcida porque o ano passado teve um forte impacto do cenário político. Ele salientou que, se for comparado com anos anteriores, o volume de investimentos ainda está abaixo. Para o economista, os industriais brasileiros estão mais otimistas, mas não o suficiente para investirem e o quadro não esboça que já há uma retomada da economia neste momento. (Correio Popular)