Investidores apostam no setor imobiliário em 2018
O segmento imobiliário sempre foi um dos mais procurados pelos investidores. Entre os anos de 2008 e 2011 a economia brasileira vivenciou um momento de fortalecimento, estabilidade e melhora na empregabilidade, despertando nos consumidores confiança para investir no futuro. Nesse período houve forte crescimento no mercado nacional de imóveis, com a ampliação das linhas de crédito por bancos públicos e privados para a aquisição da casa própria e ampliação de negócios por parte de construtoras e incorporadoras.
Segundo estudos realizados pelo Banco de Compensações Internacionais (BID, na sigla em inglês), a partir de um levantamento feito em 54 países, foi constatado que a valorização imobiliária no Brasil foi de 121% nos cinco anos seguintes ao período pós-crise vivenciado pelos Estados Unidos em 2008, correspondendo a uma média de crescimento acima de 20% ao ano.
De acordo com dados fornecidos pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), em 2012, houve mais um incremento nos financiamentos, totalizando R$ 82,8 bilhões, alta de 3,6% sobre 2011. Em 2013, os números bateram recorde, atingindo R$ 109,2 bilhões, 32% a mais do que no ano anterior.
A economia permaneceu aquecida até o advento da Copa do Mundo em 2014, que trouxe forte expectativa em relação à entrada de capital estrangeiro no país, mas em 2015 o Brasil começou a passar por um momento de instabilidade política que resultou no enfraquecimento da economia nacional, com o aumento dos juros e a diminuição de crédito, o que provocou um agravamento na situação do mercado imobiliário brasileiro.
Mudanças nas regras de financiamento dos bancos públicos acabaram afastando muitos consumidores. A Caixa Econômica Federal, até então líder na preferência dos compradores para facilitar a aquisição de bens, passou a custear no máximo 50% do valor dos imóveis usados e reduziu de 90% para 70% o limite de financiamento dos novos.
Frente a esse quadro de recessão econômica, muitos empreendedores buscaram alternativas para continuar conduzindo seus negócios. É o caso do jovem investidor Arnaldo Mota, que recentemente trocou o frio de Curitiba pelo calor de Fortaleza, atraído pela ascensão da economia imobiliária na região nordeste.
“A capital cearense é a quinta mais populosa do Brasil, ficando atrás apenas de Salvador, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, o que favorece sua expansão no mercado imobiliário, que tem demonstrado forte reação desde o mês de junho. Só para se ter uma ideia, o Banco do Brasil criou em Fortaleza o primeiro Espaço Imobiliário do país para dar mais agilidade às operações de crédito para pessoa física. No início do ano, a imprensa noticiou que a instituição iria desembolsar cerca de R$ 250 milhões para o financiamento de imóveis no Ceará, fomentando bastante a economia local. Tudo isso me motivou a mudar o polo dos meus investimentos e tenho sentido diferença nos resultados”, declarou Arnaldo.
Mota ressalta que em tempos de crise muitos empresários da construção civil preferem resguardar seu patrimônio, evitando empreender em novos investimentos até perceber mudanças positivas no mercado. Nesses casos, para evitar que haja deflação no capital estocado, ele aconselha que esses empreendedores invistam em Corretoras de Valores, pois elas apresentam maior lucratividade do que as instituições bancárias tradicionais. “O banco, muitas vezes, oferece produtos de acordo com as próprias metas e não com os objetivos do investidor”, comenta.
Mas ele destaca que é necessário cuidado na hora de escolher uma boa corretora para evitar riscos. “O ideal é procurar empresas que tenham uma grande quantidade de clientes, alto valor em custódia e garantias que conferem ao investidor a mesma segurança de um grande banco ou até mais”.
Arnaldo comenta ainda que uma outra alternativa de negócio para quem não quer deixar seu capital de giro parado é a busca de clientes internacionais. “Recentemente fechei contrato com uma empresa italiana e estou em negociação com uma franquia polonesa, tudo isso graças à abertura comercial que o Brasil oferece aos estrangeiros”.
Essa tem sido uma tendência nos últimos anos. Diversos empresários de outros países têm buscado o mercado imobiliário brasileiro para realizar novas comercializações. Desde o início da crise, com a alta dos juros e a diminuição do crédito, o estoque de bens cresceu e o custo dos imóveis diminuiu consideravelmente, atraindo o interesse de compradores do exterior.
A desvalorização do real em relação ao dólar, a devolução de imóveis financiados e a possibilidade de diversificação da carteira dos investidores estrangeiros, também são fatores que contribuem para o aumento dessa procura, o que amplia as opções de venda para o empresariado nacional.
Apesar da turbulência política, especialistas afirmam que os investidores enxergam uma retomada do crescimento da economia. O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, registrou alta de mais de 26% no período acumulado de 2017, uma diferença positiva equivalente a R$ 13,8 bilhões em vendas de ações no país. Segundo o analista Pedro Galdi, a inflação deve fechar o ano perto dos 3%, as previsões já apontam crescimento de mais de 2% para o PIB (Produto Interno Bruto) no ano que vem e a taxa de juros deve recuar ainda mais, para a casa dos 7% ou até abaixo disso.
Todas essas mudanças têm repercutido positivamente em diversos segmentos da economia, inclusive no ramo imobiliário, que já demonstra sinais de recuperação e crescimento para 2018. “A queda da inflação, a diminuição da taxa básica de juros e o avanço nos índices de confiança dos empresários e dos consumidores certamente contribuirão para o desenvolvimento de novos negócios no setor”, avalia Arnaldo Mota. (Dino)