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Ocupação ordenada de vazios é desafio para a Campinas do futuro

A projeção para uma Campinas do futuro não está muito distante da realidade urbana que se observa hoje. Um crescimento desordenado e interligado a uma megarregião estão entre os desafios que vão além da elaboração de Plano Diretor Estratégico local, em fase de finalização.
No entanto, nesse documento que tem a função de definir políticas de uma expansão urbana ordenada encontram-se inconsistências que, na opinião de especialistas, podem continuar fazendo com que o município ocupe de maneira desordenada seus diversos vazios urbanos. A projeção para Campinas daqui 50 anos não é tão animadora, avalia o professor de planejamento urbano e pesquisador do Laboratório de Investigações Urbanas (Labinur) da Unicamp, Lauro Luis Francisco Filho.
Para ele, caberá às autoridades e aos demais interessados na organização urbana equalizarem interesses para buscar a saúde da metrópole nas próximas décadas. “Esse futuro ordenado de Campinas vai depender muito dos governantes. Eles terão que equalizar o empoderamento desses agentes. É preciso tirar o poder de algumas instituições, como o incorporador imobiliário e elevar algumas questões de cunho social, que possam resolver a questão da habitação, do transporte público que está cada vez mais complicado”, avalia o professor.

Sem esse equilíbrio, a avaliação do especialista é de que Campinas poderá enfrentar nas próximas décadas o que se chama de processo de espraiamento, ou seja, de avanço urbano atrelado a um adensamento populacional e imobiliário desordenados, como já ocorreu em alguns bairros nascidos ao longo dos anos sem qualquer planejamento.
“O maior problema hoje no Plano Diretor é o que chamamos de ‘urbanização padrão queijo suíço’. Campinas não é uma ocupação urbana homogênea, pois é permeada de vazios urbanos, que na maioria deles são áreas de terra aguardando valorização”, explica. Elaborado em 2001 após a publicação do Estatuto das Cidades, o plano vem sendo de lá para cá modificado sem consistência, na opinião do professor.
Uma das preocupações atuais, e que já renderam protestos públicos, é sobre o poder que se estipula ao proprietário de terra rural, e sua possibilidade de implantar nesses “vazios” uma região urbanizada desconexa com seu entorno. “Cria-se um problema sério em relação a mobilidade urbana. Esses núcleos crescem desordenados, se conurbam sem planejamento, e não se conversam. Um exemplo são os bairros que se formaram ao longo da Rodovia Santos Dumont, que não foi pensado em uma dinâmica urbana capaz de interbenções futuras.”

Uma projeção antecipada feita pelo professor é que em poucas décadas Campinas estará contextualizada em um cenário macrometropolitano, e interligada em um corredor chamado pelos especialistas de Megarregião, formada pelas regiões do Vale do Paraíba, Grande São Paulo e a Região Metropolitana de Campinas.
“Contextualizar a cidade no cenário macrometropolitano é uma questão que o plano diretor deveria se atentar. É preciso começarmos a elaborar um plano macro, não somente local, pois Campinas estará na ponta de um corredor importante, sendo a cidade com comunicação direta ao interior do estado”, expôs o docente. “Haverá um triângulo muito desenvolvido com a polarização dessas três regiões”, completou. (A CidadeOn)

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