Secretário admite discutir 3% da APA para expansão
A última audiência pública para definição das diretrizes do Plano de Manejo
da Área de Proteção Ambiental de Campinas (APA-Campinas), que engloba os
distritos de Sousas e Joaquim Egídio e os bairros Chácaras Gargantilha,
Jardim Monte Belo e Carlos Gomes, reuniu cerca de 200 pessoas ontem à noite
no salão social ao lado da Subprefeitura de Joaquim Egídio.
Principal ponto de discordância do projeto, a flexibilização das limitações
para novos empreendimentos imobiliários se encaminhou para um acordo. O
secretário municipal do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável,
Rogério Menezes, que encabeça a elaboração do Plano de Manejo com a empresa
contratada Walm Engenharia e Tecnologia Ambiental, sinalizou positivamente
para uma demanda apresentada pela Secretaria Municipal de Habitação, que
pede uma alteração no texto final liberando 3,16% da área total da APA – o
equivalente a cerca de 7 km² – para criação de uma “reserva técnica” nos
vazios urbanos que permitira a construção de 3 mil moradias nos próximos
anos.
Isso poderia reduzir o atual déficit de 3,7 mil pessoas que estão na fila
por uma casa própria na macrorregião Leste de Campinas, que abrange Sousas e
Joaquim Egídio. Atualmente, grande maioria dos trabalhadores de restaurantes
e bares do polo gastronômico não consegue morar nos distritos pelo alto
custo de vida e a ausência de moradias populares na região.
Segundo Menezes, as discussões do Plano de Manejo, iniciadas há dois anos,
consideravam apenas a demanda atual da APA, mas o alerta vindo da Secretaria
de Habitação levou em conta também carências que podem surgir nos próximos
anos, já que o documento visa incentivar a vinda de novas agroindústrias,
pousadas e hotéis e, consequentemente, mais trabalhadores para a área.
“Estamos falando de uma coisa mínima, um ajuste que não vai alterar
praticamente nada dos limites, e que trata de uma questão de interesse
social identificada não só no momento, mas também no futuro”, disse o
secretário municipal do Verde, que prometeu reunir sua equipe nos próximos
dias para definir a questão habitacional que ainda impede a conclusão do
Plano de Manejo, o que deve ocorrer até agosto.
“Esse plano de desenvolvimento, ao longo de dois anos de elaboração, contou
com estudos técnicos de mais de 70 profissionais e reuniões frequentes com a
população visando encontrar um meio-termo, que pode desagradar quem tiver
visões ambientalistas ou desenvolvimentistas extremadas, mas buscando sempre
o interesse público”, concluiu.
O secretário de Habitação e presidente da Cohab de Campinas, Samuel
Rossilho, explicou na audiência pública que a reserva técnica solicitada na
APA seguirá as normas ambientais exigidas pelos moradores dos distritos.
“Não é porque é habitação de interesse social que ela não pode ser
sustentável. As novas casas que os empreendimentos vierem a construir nessa
área da APA precisarão contar com energia solar, captação de água e outros
itens para haver um desenvolvimento de forma consciente”, explicou.
“O Plano de Manejo, como vinha se constituindo, poderia transformar os
distritos de Sousas e Joaquim Egídio num Principado de Mônaco campineiro,
onde só vivem ricos, em grandes propriedades. É preciso pensar nas 4 mil
pessoas que vão trabalhar diariamente nessa região e não conseguem viver
aqui”, acrescentou Rossilho. Além do possível ajuste na área urbana, o Plano
de Manejo ainda passará por pequenas adequações solicitadas por moradores
antes de ser concluído e publicado no Diário Oficial. (Correio Popular)