35% da capacidade da construção está ociosa
Apesar de sinais mais claros de otimismo entre os empresários da construção, o índice de ociosidade ainda está alto. De acordo com a Fundação Getulio Vargas (FGV), o nível de utilização da capacidade (Nuci) de outubro apresentou uma nova queda, após três meses de alta, ficando mais longe de patamares de 2013.
Segundo estudo divulgado ontem (26), o Nuci de outubro caiu 0,2 ponto percentual (p.p), atingindo 65,4%, volume distante do observado em épocas de pleno emprego no setor. Em dezembro de 2013, por exemplo, o indicador estava em 80%. “Os indicadores sinalizam que o pior já passou e que daqui para frente vai ser melhor, mas ainda não houve retomada de fato”, disse a coordenadora de estudos da construção do FGV IBRE, Ana Castelo.
Reflexo disso foi o comportamento dos componentes que integram o Índice de Confiança da Construção (ICST), que atingiu 78 pontos em outubro. Se por um lado o índice de expectativas (IE-CST) variou 1 ponto e chegou a 90,2 pontos, o maior nível desde agosto de 2014. Por outro lado, o Índice da Situação Atual (ISA-CST) ficou estável, em 66,2 pontos.
Na explicação da economista, a queda dos juros e da inflação, somado à melhora dos níveis de venda de imóveis e a redução do ritmo de desemprego setorial dão respaldo para as expectativas positivas. “Contudo, as vendas não significam maior atividade”, explica Ana.
Além do indicador de capacidade, Ana comenta que outros fatores também mostram a distância do cenário atual das épocas de crescimento acelerado. De acordo com ela, hoje, 52,7% das empresas indicam a demanda insuficiente como o principal fator de limitação para o crescimento do setor, enquanto escassez de mão de obra é responsável por 4,8% das respostas. Em 2013, os valores eram 24,9% e 34,5%, respectivamente. “Temos uma inversão”, explica, citando que, à medida que os fatores retomem níveis similares a 2013, o País terá indícios mais sólidos de crescimento.
“Lembrando que este novo período de crescimento terá características diferentes”, acrescenta Ana. De acordo com ela, o processo será lento que o observado no ciclo de crescimento anterior, sobretudo pela dependência dos projetos de investimento em infraestrutura, que apresentam ciclos mais longos.
Ontem, a FGV também divulgou o Índice Nacional de Custo da Construção – M (INCC-M), que apresentou uma taxa de variação de 0,19% em outubro, acima do resultado do mês anterior, de 0,14%. O índice de materiais, equipamentos e serviços registrou variação de 0,44%, enquanto no mês anterior, foi de 0,37%. Já o item mão de obra teve variação de -0,01%. Em setembro, a taxa de variação foi de -0,04%. “Houve uma pequena aceleração, por conta de componentes de grande peso como aço e cimento que vinham em ritmo de desaceleração e isso mudou e acabou afetando o índice.”
Mesmo sem dar projeções, Ana comenta que faltando dois meses para o fim de 2017, é possível que o indicador se mantenha estável no acumulado do ano, se não houver nenhum aumento significativo nos componentes mencionados. “Isso é positivo para o setor e para consumidores, além de explicar o porquê o indicador de materiais de construção é um dos únicos que tem apresentado crescimento no setor.” (DCI)