Habitação

Sem terra voltam à área ocupada em Americana

A desocupação do Sítio Boa Vista, no Pós-Represa, em Americana, por meio de ordem judicial cumprida em 7 de fevereiro, teve nesta sexta, 9, mais um capítulo. Desta vez, os integrantes do acampamento Roseli Nunes retornaram à área onde permaneceram por 45 dias para reaver pertences que ficaram soterrados em meio às estruturas de madeira e lona que foram destruídas por máquinas na retomada das terras pela Usina Ester. Tudo correu de forma pacífica, mas não sem críticas.

Por volta de 8h30 as máquinas da usina começaram a trabalhar na área que hoje está delimitada por mourões e cerca de arame farpado. Com a presença de viaturas da Polícia Militar (PM) e da Guarda Municipal (Gama), o ambiente foi de calmaria e, por meio de uma negociação feita na hora, os representantes da usina permitiram que os integrantes do movimento pudessem vasculhar cada um dos montes de escombros em busca dos pertences.

O cenário é de destruição. Muitos dos barracos que foram erguidos se tornaram montes de entulho aglomerados em diversos pontos do terreno. Caminhando pela área era possível localizar algumas roupas, brinquedos e restos de utensílios domésticos, além da estrutura de metal que sustentava a cozinha comunitária e mesmo material escolar das crianças, apontaram os agricultores.

De acordo com um dos representantes da usina que acompanhava os serviços, a limpeza da área tem como objetivo preparar o local para receber o plantio de cana de açúcar. O último plantio naquele trecho se deu há oito anos, conforme relatou o diretor superintendente da empresa, Thiago Barros dos Santos, no dia da desocupação.

A reportagem tentou contato com a advogada da usina, Mônica Malvezzi de Rebechi, mas até o fechamento da matéria ela não havia retornado. Segundo os funcionários da empresa que estavam na área, localizada ao lado do assentamento Milton Santos, apenas ela estava autorizada a conversar com a imprensa.

Entre os integrantes do movimento que compareceram ao local, o clima ainda era de indignação pela derrota na Justiça, que concedeu liminar determinando a saída do grupo da área, que eles alegam pertencer ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), e pela perda de bens pessoais, especialmente, documentos. Não era difícil encontrar alguém se queixando pelos estragos produzidos.

“O que está acontecendo aqui é uma violência contra as famílias, mas estamos pacíficos”, afirmou Milene Savieti, militante do movimento Roseli Nunes que atua na área de infraestrutura. Os policiais que estiveram no local pela manhã relataram um clima calmo e logo deixaram a área. (Jornal Todo Dia)

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