Indústria de elevadores aposta em serviços enquanto espera retomada
Após a forte crise da construção civil reduzir sensivelmente a demanda por novos elevadores, fabricantes apostam em serviços de manutenção e modernização de equipamentos para manter as suas operações. A perspectiva é que grandes empreendimentos só voltem a ocorrer em 2019.
“O ano passado foi muito difícil para a construção civil. Para 2018, percebemos um certo otimismo, mas grandes empreendimentos devem ficar mais para frente”, declara o gerente nacional da área comercial da Thyssenkrupp Elevadores, Eduardo Caram.
Dados do Sindicato dos Elevadores de São Paulo (Seciesp) apontam que em 2016, 15 mil novos elevadores foram instalados no estado. O número caiu para 11 mil no ano passado. “O elevador só é entregue no final da obra. Até o primeiro semestre de 2017, houve alguma movimentação em decorrência de vendas anteriores. Após suprir essa demanda, começou um declínio”, explica o presidente da entidade, Marcelo Braga.
Já a manutenção de elevadores antigos teve um desempenho melhor. Foram mais de 300 mil serviços prestados em 2016. Os dados do ano seguinte ainda não foram consolidados, mas a entidade projeta crescimento da área. “Tanto as grandes montadoras quanto as independentes focaram nesse mercado e equilibraram suas receitas”, afirma Braga. “Foi o que manteve o ramo de elevadores. Até o primeiro semestre do ano passado, havia um forte declínio na contratação de mão de obra. Então houve um equilíbrio e no segundo semestre começamos a contratar. Temos a perspectiva de crescimento comedido em 2018.” O dirigente explica que esse mercado é dividido em manutenção e modernização – quando o equipamento recebe novos itens de tecnologia e estética. “O retrofit exige um orçamento que nem todos dispõem. A manutenção teve uma demanda maior e aconteceu em todos os segmentos, especialmente no residencial.”
O presidente da Otis, Julio Belinassi, afirma que as os elevadores brasileiros estão envelhecendo e há a necessidade de atualização. “A demanda do mercado de modernização existe. Por exemplo, a substituição de portas antigas por modernas que você não precisa puxar. É mais seguro e sofisticado”, esclarece.
Caram vê como natural a aposta em retrofit, diante da estagnação da construção civil. “Era previsível que o setor investisse na área de modernização. Existe um déficit, especialmente em prédios residenciais. Desenvolvemos soluções de engenharia para garantir uma eficiência maior.”
Entre os benefícios apontados na atualização de equipamentos, estão a redução de consumo de energia, maior segurança e valorização do imóvel. Outra tendência é o desenvolvimento de tecnologia para elevadores inteligentes.
“Temos parcerias com a AT&T e Microsoft para desenvolvimento de internet das coisas. Elevadores conectados com técnicos e clientes, permitindo análise de dados em tempo real e intervenções remotas”, explica Belinassi.
“Os clientes vão se relacionar de uma forma diferente com os elevadores. Há projetos de equipamento conectados a aplicativos”, relata.
Marcelo Braga afirma que após um período de estagnação na compra de elevadores novos, as construtoras voltaram a se movimentar, pelo menos no campo do planejamento.
“Após o Carnaval, a média mensal de prospecções dobrou. Isso significa que o mercado ao menos voltou a cotar preços. Os lançamentos devem começar no segundo semestre e os pedidos vão surgir no 4° trimestre. A retomada será apenas em 2019.”
Belinassi viu sinais de recuperação em 2017, após dois anos de retração. “O segmento de prédios residenciais representa a maior fatia do mercado brasileiro de elevadores. Houve uma queda, mas ano passado começamos a sentir uma retomada em relação a 2015 e 2016.” O presidente da Otis acredita que em um 2018 mais positivo. “A perspectiva é otimista, com crescimento do PIB e retomada da construção.”
Eduardo Caram percebe um otimismo do empresariado, mas ainda há cautela diante das incertezas de um ano eleitoral. “O cenário político sempre foi o norteador da construção civil, mas o setor ainda aguarda políticas de liberação de crédito. Enquanto isso não acontecer, o investimento vai demorar no nosso mercado.” (DCI)