Fabricantes projetam mais um ano de crescimento puxado pelo varejo
A indústria de materiais de construção prevê que 2019 será mais um ano
puxado pelo varejo e pequenas reformas. Empresas continuam à espera de uma maior estabilidade política para a retomada dos investimentos em grandes obras e no mercado imobiliário.
“Acreditamos que esse será mais o ano da reforma do que da construção.
Esperamos que, passando esse período de turbulência no governo federal,
programas voltados para a construção sejam colocados em prática”, avalia o gerente de vendas da Stam, Marcio Tavares.
A fabricante de fechaduras e cadeados prevê um ano de crescimento, porém, mais difícil e disputado do que 2018. “Isso em função de tudo que acontece no ambiente econômico e político. A reforma da Previdência será importante para trazer mais tranquilidade ao empresário.”
Tavares aponta que a movimentação no primeiro trimestre foi abaixo do
esperado pelo mercado. “No final do ano passado, após um período complicado para a economia, foi propagada uma ideia de crescimento alto logo no começo de 2019. Mas ainda não estamos sentindo esse movimento.”
O executivo conta que a empresa investiu para ampliar sua atuação em novos segmentos. “Trouxemos algumas marcas novas para entrar nos mercados de design e arquitetura e também na linha de fechaduras eletrônicas. Queremos chegar a um público de alto padrão.”
Em 2018, a companhia teve 5,5% de crescimento, registrando R$ 364 milhões de faturamento e 20 milhões de peças produzidas e comercializadas. “Foi um ano positivo, após 2016 e 2017 muito travados”, relata Tavares.
Para 2019, a empresa espera ampliar seu volume para 23 milhões de peças
faturadas. “Investimos na modernização de maquinário, buscando uma maior automação. Atualmente, temos entre 70% a 80% da capacidade produtiva ocupada”, destaca o executivo.
O gerente comercial e de marketing da Sil, Pedro Morelli, observa que a
demanda vem sendo puxada pelo mercado doméstico. “Há uma recuperação da confiança de quem precisava fazer uma pequena reforma e projetos menores. A retomada da construção civil e das obras de infraestrutura ainda não aconteceram.”
A fabricante de fios e cabos tem como meta 10% de crescimento em volumes de produção. “É um número ambicioso, mas não é impossível. Trabalhamos nos últimos três anos para estabelecer gerências regionais e reformulamos nossa malha de representantes. Aguardamos a volta dos investimentos em obras”, explica.
Morelli não acredita que o momento político irá gerar retrocessos no campo
econômico. “O nosso atual governo parece um pouco mais maduro, com mais clareza em relação aos objetivos do País, começando pela reforma da
Previdência. É importante para reestabelecer a confiança.” Ele espera que,
com a aprovação das reformas, o câmbio fique mais estável. “O dólar nos
afeta em razão do preço do cobre. Acreditamos que a moeda ficará em um
patamar de R$ 3,75 a R$ 3,80”, estima.
O diretor comercial da Mexichem Brasil, Adriano Andrade, aponta que o setor da construção civil ficou com resultados praticamente estáveis no primeiro trimestre do ano. “Ainda sentimos os efeitos da falta de grandes obras de infraestrutura e de ações concretas de atuação dos agentes fomentadores desse setor.”
A companhia projeta elevar seu faturamento em pelo menos 15% em 2019.
“Acreditamos que a manutenção da demanda de materiais para reformas, a
retomada do mercado imobiliário e o início das obras de infraestrutura
pesada fomentem os resultados do setor”, diz o executivo.
Balanço trimestral
As vendas de cimento pelos fabricantes alcançaram 12,7 milhões de toneladas no primeiro trimestre de 2019, avanço de 1,3% em relação a igual período do ano passado, informou nesta terça-feira (09) o Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC). “O desempenho de março foi melhor do que o esperado”, disse em nota o presidente da entidade, Paulo Camillo.
No entanto, dados da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de
Construção (Abramat) mostram que o setor cresceu apenas 0,1% na mesma base. “Tivemos resultados negativos nos meses de janeiro e fevereiro e o
crescimento foi puxado pelo varejo”, avalia o presidente da entidade,
Rodrigo Navarro. (DCI)