Nova linha vai criar 500 mil moradias adicionais por ano, diz MRV
O setor de incorporação comemorou a linha de crédito imobiliário da Caixa
Econômica Federal com saldo devedor atualizado pelo Índice Nacional de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), anunciada nesta terça. Quando estiver
madura, no prazo de 12 a 18 meses, a nova linha vai resultar na produção de 500 mil moradias adicionais por ano, segundo Rubens Menin, fundador da MRV Engenharia e presidente do conselho da Associação Brasileira das
Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc).
“O anúncio é explosivo”, afirma Menin. Na avaliação do empresário, a medida é “um vento de cauda para o setor só comparável ao anúncio do Minha Casa, Minha Vida”. Trata-se, conforme Menin, de proposta sustentável em um cenário de queda da taxa de juros. De acordo com o fundador da MRV, o anúncio vai ao encontro da esperada expansão da Letra Imobiliária Garantida (LIG).
O diretor financeiro e de relações com investidores da EZTec, Emílio
Fugazza, avalia a nova linha como “um marco bastante importante para o
setor”. “Esse financiamento precifica um novo Brasil, que receberá os
investimentos necessários e em que a inflação tende a estar controlada”, diz
o executivo da EZTec. Fugazza acrescenta que não se espera altas relevantes
da inflação nos próximos anos, e que as reformas estão sendo feitas.
“Mesmo com a Selic na mínima histórica, as taxas de juros cobradas pelos
bancos no crédito imobiliário carecem de muitos ajustes”, diz o diretor de
relações com investidores da EZTec. Com taxas menores, ressalta o executivo, mais pessoas poderão ter acesso a crédito imobiliário.
“A operação garante a perenidade e a sustentabilidade do crédito
imobiliário, com prestação bastante inclusiva”, afirma o
presidente-executivo da Abrainc, Luiz Antonio França, destacando que o
anúncio é “extremamente positivo para o setor”. O representante setorial
compara que, no Brasil, o crédito imobiliário representa 9,6% do Produto
Interno Bruto (PIB), abaixo dos 16% do Chile e dos 68% dos Estados Unidos.
A oferta de crédito imobiliário e o poder aquisitivo dos compradores vão
crescer em decorrência da linha com saldo devedor atualizado pelo IPCA, no entendimento do presidente da Vitacon, Alexandre Frankel. “Haverá uma amplificação do crédito. A TR é uma jabuticaba, enquanto o IPCA é um índice amplamente difundido.”
Segundo o presidente da Vitacon, o setor está estudando o impacto da nova
forma de financiamento nas parcelas. Frankel ressalta que os papéis gerados com o novo modelo de financiamento poderão ser negociados no mercado secundário.
Para o presidente do Secovi-SP, Basílio Jafet, a linha tem duas vantagens e
uma desvantagem. Os títulos gerados são facilmente securitizados,
possibilitando mais operações do mercado imobiliário. Além disso, a taxa de juros da nova linha é menor”, afirma Jafet.
Por outro lado, há o risco de alta do custo do financiamento em caso de
aumento relevante da inflação. “Há um risco se a inflação se desgarrar, mas
não houve desgarramento nos últimos anos”, diz o presidente do Secovi-SP.
Questionado sobre o risco de se atrelar a atualização do saldo devedor a um
índice de inflação, Menin respondeu que, “se a inflação sobe, o salário
sobe, e o custo do imóvel sobe”. (Valor Econômico)