Crédito Imobiliário: Caixa alerta para necessidade de novas fontes de recursos
Ramo imobiliário em 2025 preocupa órgão
Foto: Marcelo Camargo – Agência Brasil – A Caixa Econômica Federal destacou a necessidade de buscar novas fontes de recursos após registrar mais um trimestre de forte crescimento em sua carteira de crédito imobiliário, que atingiu R$ 754 bilhões.
“Os recursos estão no limite da capacidade de financiamento da habitação”, afirmou o presidente da Caixa, Carlos Vieira, durante uma coletiva de imprensa na semana passada para comentar os resultados do banco.
Vieira ressaltou a importância de criar mecanismos para reduzir o custo de capital destinado ao crédito habitacional, que tem um efeito multiplicador significativo na economia. “Em 2024, a questão da habitação está resolvida. Em 2025, não sabemos”, disse ele.
Para evitar uma possível escassez de recursos, Vieira pediu que o governo atue em três frentes: desenvolver o mercado secundário de crédito imobiliário, estimular a participação de fundos de pensão no setor e destinar recursos dos depósitos compulsórios dos bancos a essa linha de crédito. Até agora, apenas a primeira medida tem avançado, com o Ministério da Fazenda implementando ações para fomentar a negociação de carteiras de imóveis pelos bancos.
A Caixa está se preparando para emitir títulos verdes no exterior, que seguem critérios ambientais, sociais e de governança (ESG). O vice-presidente de Sustentabilidade e Cidadania Digital, Paulo Rodrigo, mencionou que o valor dessa emissão dependerá do interesse dos investidores. Recentemente, o banco realizou reuniões nos Estados Unidos para avaliar esse interesse, num processo conhecido como non-deal roadshow. No ano passado, a Caixa também fez sondagens na Europa, recebendo feedback positivo de gestores de recursos.
Desde o ano passado, a Caixa se destaca no financiamento habitacional, beneficiada pela redução nas concessões de crédito por parte dos bancos privados, que foram afetados pelos juros altos e pela menor captação via poupança. A Caixa manteve suas concessões, embora também tenha sofrido com saques na caderneta de poupança, necessitando reforçar suas captações através de letras de crédito, remuneradas a um percentual do CDI. No primeiro trimestre deste ano, a Caixa conseguiu reverter a queda nos depósitos de poupança, que cresceram 2,7% em um ano, alcançando R$ 358,684 bilhões. O saldo de Letras de Crédito Imobiliário aumentou 69,2%, chegando a R$ 158,225 bilhões, representando 43% do estoque desse tipo de título no mercado brasileiro.
A situação da Caixa, no entanto, é sobre a aplicação em crédito imobiliário. A carteira imobiliária do banco financiada por recursos da poupança representa 88% dos depósitos, bem acima dos 65% determinados pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A diferença é complementada por instrumentos de mercado, que têm um custo mais alto. Apesar das limitações de funding, as concessões de crédito imobiliário na Caixa continuam fortes, segundo a vice-presidente de Habitação da Caixa, Inês Magalhães, com uma média de 2,8 mil novos financiamentos liberados por dia.
A Caixa Econômica Federal enfrenta um desafio significativo para garantir a sustentabilidade de sua carteira de crédito imobiliário. A busca por novas fontes de recursos e a implementação de mecanismos para reduzir o custo de capital são essenciais para manter o crescimento do setor e assegurar que a demanda por habitação possa ser atendida nos próximos anos.
“São fundamentais iniciativas que permitam novas fontes de recurso para o crédito imobiliário para atender a população e fomentar um setor que movimenta fortemente a economia do país”, explica o presidente da Habicamp, Francisco de Oliveira Lima Filho.