Campinas

Fábrica do Cury ganha revitalização

A antiga fábrica dos Chapéus Cury, na Rua Barão Geraldo de Rezende, no Botafogo, em Campinas, está prestes a receber nova vida. Há um projeto em tramitação para a construção de salas comerciais naquela área. No entanto, a fachada e a chaminé são tombadas e precisam ser preservadas. O prédio, que ocupa boa parte do quarteirão e abrigou a fábrica durante 92 anos, completa 100 anos em 2020. A recuperação do local é uma reivindicação dos moradores do entorno, desde o fechamento, em 2012.

Extensa reportagem publicada pelo Correio, no dia 28 de abril de 2019, mostrou que a fachada do prédio histórico ostenta pichações, reboco caindo, infiltrações e tijolos se despedaçando. As calçadas também não recebiam manutenção havia muito tempo. No interior da antiga fábrica a situação era ainda pior, com muito lixo e sujeira amontoados para todo lado.

Mais recentemente, em dezembro, notou-se que uma parte do topo da chaminé havia caído. “A gente já sabia do acontecido. Foi no ano passado”, diz Daisy Ribeiro, da Coordenadoria Setorial do Patrimônio Cultural (CSPC), órgão responsável, entre outras atribuições, por fiscalizar e supervisionar todos os serviços necessários à conservação e restauração de bens culturais do Município.

De acordo com ela, os proprietários pretendem construir um empreendimento grande, um conjunto de escritórios. “Eles contrataram uma firma para fazer a recuperação e o restauro não só da chaminé, mas também da fachada. Vão proteger esse recuo entre a murada e o empreendimento que será instalado”, explica.

Segundo a coordenadora, o projeto foi aprovado na última reunião do conselho do órgão, que ocorreu em novembro de 2019. Na proposta do projeto ficou estabelecido que a empresa precisa apresentar um laudo comprovando a situação atual da estrutura da chaminé e da fachada.

A última reunião deste conselho marcou também o final do mandato de seus participantes, que é renovado a cada dois anos. “Estamos encaminhando ofícios para as entidades para que indiquem os novos conselheiros. Na última semana de março o conselho deve voltar a atuar. Mas antes tudo é encaminhado para o gabinete do prefeito para que seja publicado”, diz. Os conselheiros são nomeados pelo prefeito e representam 28 órgãos e entidades civis.

Por enquanto, não foram aplicadas multas por falta de conservação do local. Técnicos da área acompanham os trabalhos e devem receber complementações do projeto apresentado, principalmente com relação à chaminé. “Se não tomarem providências ou caso a situação venha a se agravar, ainda mais com toda essa chuva, é passível de multa alta, quase no valor do terreno”, Garante Daisy.

Tombamento

Em setembro de 2008, quando tinha 88 anos de existência, a fábrica se tornou patrimônio histórico de Campinas. A fachada do prédio que a empresa ocupava desde 1920 e a chaminé foram tombados pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Artístico e Cultural de Campinas (Condepacc). Os estudos visando o tombamento estavam abertos desde 1994 e levaram em consideração a importância econômica da empresa para a cidade, sua história de indústria familiar e sua participação no desenvolvimento urbano de Campinas.

Filme ampliou a fama dos chapéus

A Chapéus Cury ficou conhecida internacionalmente como a fabricante do chapéu do Indiana Jones. O visual faroeste do personagem de Harrison Ford tem o acessório “made in Campinas”. Ford usava o chapéu desde Os caçadores da arca perdida, o primeiro filme da série, de 1981. A história da empresa em Campinas começou em 1920, quando Miguel Vicente Cury e seu pai Vicente Cury fixaram residência na cidade e fundaram uma pequena fábrica de chapéus. Antes disso, eles tinham uma oficina de reforma de chapéus, em Mogi Mirim.

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