IPTU ‘salgado’ afugenta empresas, afirma Ciesp
O aumento feito neste ano pela Prefeitura de Campinas de até 30% na taxa do
Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), sendo que mais 10% serão
acrescidos em 2019, e outros 10% em 2020, é classificado como “absurdo” por
Alfeu Cabral, 1º vice-diretor da regional de Campinas do Centro das
Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp). Em sua concepção, os valores, que
são milionários para determinadas empresas, podem afastar a chegada de novas
indústrias à cidade, tanto quanto motivar a saída das já existentes. Isso
porque outras cidades integrantes da Região Metropolitana de Campinas (RMC),
segundo o executivo, mantêm a taxa dentro de um padrão aceitável.
“Como uma companhia vai sobreviver pagando um IPTU dessa natureza?”,
questiona, completando que “andando por Campinas verificamos inúmeros
galpões e imóveis industriais com placas para alugar. Isso já ocorre há
algum tempo, sinal de que o empresariado não está procurando nossa cidade”.
Cabral contextualiza que a Prefeitura aumentou o valor venal (estimativa que
o Poder Público realiza sobre o preço de terminados bens com a finalidade de
calcular impostos) dos imóveis em 100%. “Eu não sou contra o acréscimo em
si, mas o País está em crise. Ainda que estivéssemos em condições normais, a
adição deveria ser repassada suavemente.”
O diretor do Ciesp menciona que a entidade vem trabalhando em parceria com a
Administração municipal, no intuito de trazer mais industrias para Campinas.
Por isso, fala com indignação que não foram consultados antes das
alterações. “A Casa da Indústria precisa saber o que está acontecendo”,
afirma. “Não estamos pedindo nada fora da lei, mas o que a Prefeitura pode
fazer para o Município se tornar mais atrativo aos investidores?”, pergunta,
antes de enaltecer o bom relacionamento e atuação de André von Zuben,
secretário de Desenvolvimento Econômico, Social e de Turismo. Este, segundo
ele, é isento no capítulo, pois teve sua Pasta “atropelada” pela Secretaria
de Finanças. “Viram primeiro o dinheiro”, opina.
“O que nós escutamos é que Campinas vive um momento financeiro difícil.
Então, temos que aumentar. Aumentar é fácil! Na sua casa, o seu salário
permanece o mesmo, você não tem de onde pegar mais dinheiro. A Prefeitura é
muito simples: aumenta o imposto. Aumenta o imposto e gasta fazendo
propaganda em horários nobres na televisão para mostrar as melhorias e obras
que está entregando. Nós sabemos que eles estão fazendo muito, mas não
precisa gastar com isso, ou é uma campanha eleitoral realizada de forma
indireta?”, argumenta.
Alfeu Cabral é enérgico ao dizer que uma atitude tem que ser tomada o mais
rápido possível, para que os reajustes projetados para os próximos anos não
aconteçam. “A Casa da Indústria é contra qualquer aumento de imposto”,
encerra. (Correio Popular)