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Pessoa física domina compra de imóvel por meio de leilões

A compra de imóveis em leilões é um mercado cada vez mais dominado pelas pessoas físicas. Na Sold Leilões, a modalidade representou 85% das vendas realizadas em 2017. Na Zukerman Leilões o percentual foi ainda maior, atingindo 90% dos negócios. No caso da Zukerman, o volume de vendas para pessoas físicas foi 52% maior do que o registrado um ano antes. Já na Sold, a participação passou de 75% para 85% no mesmo intervalo.

Segundo especialistas, a consolidação do leilão eletrônico e o advento da compra parcelada impulsionaram este movimento. “Antigamente era muito difícil comprar imóvel em um leilão, sobretudo por conta da burocracia. Com a internet, há uma diversidade maior”, argumentou o advogado da Zukerman Leilões, André Zalcaman. “Entre 90% e 95% do nosso negociado foi online”, completou o especialista.

O percentual avançou rapidamente: até julho, os certames realizados pela internet dentro da leiloeira representavam 74,5% do total. A Zukerman intermediou 7,5 mil leilões ao longo de 2017. “Já 2018 começou em um ritmo muito maior que o ano passado”, sinalizou Zalcaman, citando como exemplo venda de imóvel em São Caetano do Sul (SP) avaliado em R$ 62 milhões. De acordo com o advogado, 2018 pode ser “o melhor dos últimos anos” para a realização de negócios do gênero.

Na Sold, a expectativa em 2018 é leiloar cerca de R$ 1 bilhão em ativos, ante R$ 700 milhões ano passado; a empresa também realiza a venda de equipamentos industriais e veículos. No caso dos imóveis, 4 mil foram leiloados em 2017. A empresa iniciou março com 130 lotes disponíveis para venda em 15 estados. “A recuperação do mercado imobiliário nos impactará positivamente, pois haverá uma busca maior pela aquisição de imóveis [através da modalidade]”, sinalizou ao DCI a gerente de marketing da empresa, Regiane Stoffelshaus.

O entendimento é que a melhora do preço do metro quadrado nas grandes cidades aumente o interesse por leilões. Capitais como São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba, Recife e Florianópolis são exemplos de cidades onde houve valorização no preço de venda de imóveis em 12 meses, conforme dados da FipeZap. “Com a melhora do cenário [imobiliário], os estoques caem e os preços aumentam. Com menos oportunidade de bom negócio, o mercado de leilões sobe”, prossegue André Zalcaman. “No primeiro semestre do ano passado, os descontos médios iam de 10% a 20% fora do mercado de leilões. Hoje isso diminuiu.”

No caso dos leilões, as casas afirmam que os descontos costumam alcançar até 60% frente o preço de mercado do imóvel. Segundo o setor, o modelo fica ainda mais atrativo com a consolidação da compra parcelada, instituída pelo Novo Código de Processo Civil (NCPC). Especialistas pontuam que a forma de pagamento parcelada é mais compatível na alienação fiduciária (ou a transferência de imóvel do devedor para o credor) via processo extrajudicial. A possibilidade, contudo, também tem validade em leilões judiciais – ou quando a propriedade tem origem em um processo cível, trabalhista, de falência ou em uma execução fiscal.

Na Zukerman Leilões, 80% dos sete mil negócios imobiliários fechados em 2017 foram extrajudiciais, contra 20% judiciais. Um interesse do segmento é contar com mais imóveis oriundos de outras fontes. “Tradicionalmente, instituições financeiras e o Judiciário são os grandes vendedores, mas empresas de menor porte, de gestão patrimonial e pessoas físicas também estão sendo trazidas para o mercado”, observou André Zalcaman.

Segundo a Zukerman Leilões, pessoas físicas com idade entre 31 e 40 anos representaram 30% do contingente que recorreu aos leilões em 2017, seguidas pela faixa etária de 41 a 50 anos (27%). Já 8% dos compradores da leiloeira tinham menos de 30 anos. Empresários, advogados e bancários surgiram como profissionais mais interessados no negócio. (DCI)

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