Retrofit em edificações tombadas movimentam a construção
Retrofit, termo que vem do inglês, significa “renovar o antigo”. Porém, na
construção civil, o seu significado é ainda mais amplo. Ao contrário do que
muitos pensam, o retrofit vai além de uma simples reforma, ele pretende
utilizar as características do próprio empreendimento e aprimorá-las
mantendo seus aspectos positivos através de um processo de modernização da edificação. Não se trata somente de uma simples reforma e, sim, de
revitalização do empreendimento mantendo a sua essência e peculiaridades. Afinal, com o projeto de retrofit, quando bem executado e planejado, é possível minimizar custos com manutenção e aumentar a vida útil da construção.
Para um projeto de retrofit obter o sucesso desejado é preciso pensar na
estratégia a ser executada desde a sua concepção até a sua implantação
dentro de um contexto social pré-existente, onde há todo um ecossistema no
entorno da edificação com residências, avenidas e, principalmente, pessoas.
Logo, é fundamental conhecer a história do empreendimento e do local onde ele está inserido a fim de manter as suas particularidades, porém,
utilizando a tecnologia para trazer um aspecto mais moderno e atual ao
empreendimento unindo inovação à tradição histórica.
Os requisitos dos usuários devem ser atendidos de forma a promover
segurança, habitabilidade e sustentabilidade, tendo para cada um desses
tópicos solicitações particulares e expressos pelos seguintes fatores (Norma
ABNT NBR 15.575:2013):
Segurança: Segurança estrutural; segurança contra o fogo; segurança no uso e na operação;
Habitabilidade: Estanqueidade; desempenho térmico; desempenho acústico; desempenho lumínico; saúde, higiene e qualidade do ar; funcionalidade e acessibilidade; conforto tátil e antropodinâmico;
Sustentabilidade: Durabilidade; manutenibilidade; impacto ambiental.
Entre os benefícios do retrofit, podemos citar a redução de custos por
manter alguns aspectos estruturais do empreendimento e eficiência energética ao minimizar o uso de recursos naturais, além da redução de desperdício no canteiro de obras.
Retrofit não é reforma
Baseado em um conceito de preservar a história da construção, ao invés de
derrubar um edifício antigo, por exemplo, é feito um processo que modifica
as estruturas e renova a fachada, mas que mantém as suas características
essenciais. O processo leva em conta fatores econômicos, sociais e, também,
o contexto histórico e o meio onde ele está inserido, além do uso de novas
tecnologias para tornar essa transição mais efetiva e menos danosa. Devido
ao envelhecimento e perda de função ou da qualidade de obras antigas, o tema “reforma de edificações” passa a ser altamente relevante por conta do
crescimento das grandes cidades. Porém, antes da sua execução, devem ser
observados alguns requisitos, principalmente, a segurança das edificações,
seus usuários e o entorno. Por isso, devem ser implantados os requisitos da
norma ABNT NBR 16.280 e da ABNT NBR 15.575 durante o projeto. Desta forma, o retrofit não é colocado em nenhuma dessas caixas, pois a maior diferença entre reforma e retrofit é que durante a reforma não há uma preocupação em manter as características originais do prédio, já no retrofit é primordial levar em conta tais fatores.
Retrofit no Brasil
Muito comum em países como Portugal, Espanha e Estados Unidos, o Retrofit ainda é pouco difundido no Brasil devido a burocracia enfrentada para a reconstrução de prédios tombados como patrimônios históricos no país. Porém, a técnica tornou-se uma opção mais viável e eficiente, além de lucrativa.
Muitos hotéis internacionais têm buscado edifícios antigos para investir em
projetos de revitalização através do retrofit. O Edifício Martinelli,
situado na Bela Vista, em São Paulo, por exemplo, foi um dos projetos de
revitalização que utilizaram o retrofit para trazer uma “cara nova” ao
patrimônio cultural que foi adquirido em 2008 pelo Groupe Allard. (Revista
Construa)