construção civil

Setor de grandes obras só deve ter retomada no próximo ano

Fortemente afetada pela crise no setor imobiliário, a indústria de materiais de construção começa a se recuperar em 2018. Mas, obras de infraestrutura e o mercado de imóveis devem demorar a apresentar resultados mais contundentes, deixando o crescimento a cargo do varejo. “O mercado vinha apresentando evolução gradual, porém, foi afetado pela crise econômica, que se refletiu na produção e no estímulo à construção, reformas e ampliações”, declara o diretor executivo da Tramontina Eletrik, Roberto Aimi. Para ele, o mercado já dá sinais de melhora, mas os negócios ainda precisam ganhar volume. “Estamos atentos às possibilidades e teremos lançamentos que ampliarão a variedade de produtos oferecida, o que deve gerar um aumento das vendas.”

O diretor de vendas da divisão de ferramentas elétricas da Robert Bosch Brasil, Matheus Contiero, avalia que em 2017 já houve uma retomada do setor e que as expectativas são mais otimistas para este ano. “Ocorreu uma injeção de ânimo e a construção civil já apresenta uma certa retomada, com investimentos das construtoras”, afirma. “O pior já passou. O varejo teve um desempenho muito forte e segurou o mercado”, afirma Navarro. “A Bosch cresceu acima de 10% em quase todas as regiões do Brasil”.

O vice-presidente da Starrett Brasil, Christian Arntsen, aponta que nas vendas totais do mercado interno, o ano foi sem crescimento, em volumes de vendas, para a fabricante de serras, ferramentas e instrumentos de medição. “O incremento que tivemos foi por causa de novos produtos e aumento de preços. No canal construção, tivemos um avanço modesto de volume por volta de 3% e um acréscimo total de faturamento de quase 10%, levando em conta aumentos de preços, volume e novos produtos”, pontua.

Dados da Associação das Indústrias de Material de Construção (Abramat), referentes ao primeiro bimestre de 2018, apontam crescimento de faturamento em materiais de base (2%) e de acabamento (1,2%). As vendas caíram 0,9% no período em comparação ao mesmo período do ano passado. Para a entidade, a expectativa de crescimento das vendas é de 1,5% em 2018, interrompendo uma sequência de três anos de queda.

“Projetamos para esse ano uma recuperação, invertendo a situação de queda do ano passado. Mas ao longo de 2018 podem ocorrer algumas oscilações”, afirma o presidente da Abramat, Rodrigo Navarro. A entidade trabalha com a projeção de crescimento puxado pelo varejo, que sofreu com o adiamento das pequenas reformas. “Ainda não há perspectiva de demanda para grandes obras, que devem retomar só no segundo semestre. Ainda existe muito estoque para o segmento”, diz. A Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco) prevê crescimento de 8,5% do varejo sobre o resultado de 2017.

Já a retomada de grandes obras de infraestrutura deve ficar para 2019. “Existem indefinições de cenário e de segurança jurídica. Vivemos um ano eleitoral”, analisa Navarro. Christian Arntsen tem uma leitura semelhante: “O crescimento começa pelo setor residencial, em reformas e pequenas obras; ainda não chegou à grande construtora e à construção civil pesada, industrial ou de infraestrutura. Acredito que esta área ainda vai demorar um pouco para reagir”.

Navarro aponta que, apesar do cenário, a Abramat atua para contornar as incertezas políticas. “Temos feito um trabalho de contribuir para que essa expectativa de melhora se concretize. Apresentamos proposições ao governo e trabalhamos em conjunto com outras entidades. Buscaremos conversar com futuros candidatos e novos ministros. É ano de eleição, mas o País não fica parado”.

Arntsen acredita que a economia está tentando se descolar das indefinições políticas. “O País tem que voltar a crescer e não dá para esperar mais. O mercado está reagindo. Sem dúvida, o crescimento está aqui, embora seja ainda tímido e não muito estável.”

Matheus Contiero segue raciocínio parecido. “Hoje vemos que os empresários entenderam que quem faz a economia girar é a indústria. O mercado está menos preocupado com que o pode ocorrer. O Brasil é um dos maiores mercados do mundo, tem uma demanda enorme e isso não pode parar”.

A gerente de produtos da Feicon Batimat, salão internacional da construção e arquitetura, nota uma maior movimentação do mercado. “Neste ano, teremos o retorno de marcas ao salão que não estiveram na última edição. Acompanhamos dados positivos no setor e sentimos otimismo das empresas.” A feira ocorre no mês de abril, em São Paulo, e espera receber cerca de 700 expositores. “A Feicon é uma oportunidade para incrementar os negócios e mostrar que a empresa está preparada para acompanhar o crescimento que virá”, garante Arntsen. (DCI)

 

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