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Economia da região faz ‘crescer’ desigualdade

A região de Campinas pesa para aumentar a desigualdade econômica do estado
de São Paulo. É o que aponta uma pesquisa de doutorado desenvolvida pelo
demógrafo Pier Francesco De Maria, que analisou as mudanças nas dinâmicas
sociodemográficas, espaciais e migratórias da população pobre entre 1991 e
2015. Segundo De Maria, o índice sem a região seria de 0,54 no estado (em
escala que vai de 0 a 1, sendo 1 mais pobre). Quando se inclui a região,
esse índice sobe para 0,6.

“Na região há uma desigualdade elevada. A gente sabe que há muitos
condomínios de alto padrão e uma concentração de alta renda mais elevada do
que na região de São Paulo”, comenta.

O levantamento considerou quatro grupos: os não-pobres (salário acima de R$
1.800), os vulneráveis à pobreza (até R$ 1.800) os pobres (até meio salário
mínimo) e extremamente pobres (até um quarto do salário mínimo). Com isso,
De Maria mostra que os pobres não são todos iguais. Entre os pontos citados,
está que existem grupos que conseguiram ascender para o grupo de cima,
porém, o grupo de mais pobres não consegue dar esse salto e acaba ficando
para trás.

O estudo mostra que houve uma diminuição da pobreza a partir da década de
1980, que teve início por São Paulo e Campinas, depois passando para cidades
maiores e, por último, para as regiões dessas cidades. O cenário é que as
bordas do estado – Vale do Paraíba, divisa com o Rio de Janeiro e fronteiras
com Paraná e Mato Grosso do Sul – ainda concentram maiores níveis de pobreza
do que as regiões mais centrais do estado em razão da demora na chegada de
benefícios e de empregos e trabalho, por exemplo.

A tendência de melhora, pelo que mostra a pesquisa, foi freada pela crise.
Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
reunidos pelo pesquisador, havia uma tendência de mais homogeneidade nos
últimos anos, de 2000 para 2010, seguindo até o censo de 2020. Isso, porém,
foi interrompido porque questões como fome e a mortalidade infantil, que
tinham evoluído, acabaram regredindo, fazendo com que aumentassem novamente
os índices de pobreza.

“Se for pensar, é mais fácil para o empregador demitir um terceirizado do
que um diretor da empresa, que está lá há 15 anos. Isso reflete nos números
da pobreza”, explica De Maria. Esse “freio” na diminuição da desigualdade
provocado pela crise pode estar presente no Censo de 2020. “Por mais que
tenhamos observado melhorias de condição, essa evolução no cenário é
sensível à condição econômica do país”, completa. No total, 645 municípios
entraram na pesquisa de doutorado, em 11 regiões do estado de São Paulo.
(Metro Campinas)

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