Reabertura e fechamento do comércio trarão prejuízos a Campinas, diz especialista
Na última segunda-feira, dia 22 de junho, a cidade de Campinas retoma o fechamento de comércios e shoppings depois de duas semanas de flexibilização da quarentena pelo novo coronavírus. De acordo com arquiteto e urbanista, Welton Nahas Curi, essa decisão trará consequências graves ao comércio campineiro. “Lógico que existe uma preocupação quanto ao esgotamento dos leitos e dos respiradores, que é uma ação curativa e não preventiva. Infelizmente, o trabalho preventivo de atendimento e tratamento precoce não estão sendo feito, nem tampouco a conscientização de uma liberdade com responsabilidade”, explica.
Ele ainda explica que este processo de reintegração e reatividade do mercado na parte do comércio será um processo gradativo e demorado, mas ele precisaria ter um começo e uma continuidade, com regras claras sem retrocessos. “Eu acredito que gradativamente ele vai retomar. Se a gente abrir e fechar, abrir e fechar, o prejuízo será muito grande”, completa Welton.
Reação do mercado
De acordo com Welton, os dados divulgados pela Associação Comercial e Industrial de Campinas (ACIC) já se mostravam no inicio da quarentena uma queda de 17% das vendas de abril comparadas ao mês período do ano anterior. “Lógico que há uma perda enorme e, consequentemente, muito prejuízo e muitas lojas já fecharam, muitas atividades comerciais serão extintas e esse processo também de retomada será lento e quanto mais demorar, pior será”, explica o arquiteto.
Inovação em meio à crise
Segundo Welton Nahas Curi, o problema das medidas tomadas nesta quarentena são as inúmeras iniciativas frustradas e com resultados questionáveis. “Isso está causando muitos transtornos, muitas medidas tem se mostrado ineficazes e as soluções que estão dando certo, parecem invisíveis e ninguém quer copia-las, por inúmeras razões que vão desde orgulho, vaidades e posições políticas. Infelizmente, essa arrogância está custando muitas vidas. Essas posturas intransigentes só estão trazendo prejuízos em todos os lugares em que isso está sendo feito. Essa administração está indo em uma linha errada desde o princípio e nós estamos pagando um preço muito alto por isso. Após três meses, já temos muita coisa que deu certo e que deu errado, deveríamos ser humildes para copiar o que está funcionando e abandonar o que não funciona. Não há mal nenhum em ‘copiar e colar’, principalmente porque estamos tratando de vidas. Fico triste pelas perdas humanas e por causa das pessoas que tem seus sustento em atividades diretamente ligadas as atividades prejudicadas, como salões de beleza, comércios , hotéis, etc. Tem muitas áreas que estão aniquiladas, arrebentadas e sem necessidade”, completa.
Construção civil
Além do comércio, a construção civil é outra área que chama a atenção do mercado diante desta crise. Para Welton, as pesquisas mostram um número baixíssimo de infectados em construções civil. “Os operários continuam suas atividades e estão expostos o tempo todo, porém, o percentual de infecção dessas pessoas é mínimo, ou seja, a taxa de afastamento de pessoas que estão dentro das obras e pegaram coronavírus é muito pequeno e abaixo dos índices nacionais. Ou seja, isso confirma que a quarentena é questionável como solução do problema. Cremos que a solução mais adequada seria uma medicina preventiva na detecção rápida de novos infectados e tratamento inicial, bem como uma mudança cultural de hábitos e costumes. Se for feito um trabalho de conscientização bem elaborado, teremos o povo como aliado na fiscalização e não o culpado da contaminação. Liberdade com responsabilidade”, finaliza.
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