Banco Central acelera alta dos juros e eleva Selic para 12,25% ao ano
Decisão surpreendeu o mercado financeiro e reflete incertezas econômicas globais e domésticas
foto: Agência Brasil – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central surpreendeu o mercado ao decidir, por unanimidade, aumentar a taxa Selic em 1 ponto percentual, levando os juros básicos da economia para 12,25% ao ano. A decisão, anunciada em meio às recentes altas do dólar e incertezas econômicas globais, foi maior do que os 0,75 ponto esperados pelos analistas financeiros.
De acordo com o comunicado do Copom, a elevação mais acentuada é reflexo das turbulências externas e das reações adversas ao pacote fiscal anunciado pelo governo. O texto enfatizou que o cenário internacional e os impactos das políticas fiscais no Brasil aumentaram os riscos inflacionários, influenciando negativamente os preços de ativos, as expectativas do mercado e a taxa de câmbio.
O Banco Central já indicou a possibilidade de novas altas na taxa Selic, prevendo aumentos de 1 ponto percentual nas próximas reuniões, programadas para janeiro e março de 2025. Estas serão conduzidas pelo novo presidente do BC, Gabriel Galípolo, que assume o comando do órgão no início do próximo ano.
Esta é a terceira elevação consecutiva da taxa Selic, que retorna ao nível registrado em dezembro do ano passado. A medida reverte a trajetória de cortes iniciada em agosto de 2023, quando a Selic, então em 13,75% ao ano, passou por uma sequência de reduções até alcançar 10,5% em meados de 2024. Nos encontros seguintes, o Copom mudou de postura, optando por elevações graduais até o ajuste mais recente.
Para Francisco de Oliveira Lima Filho, presidente da Habicamp, o aumento mais agressivo dos juros reflete a busca por estabilidade em meio a um cenário de incertezas econômicas. “Embora a medida tenha sido necessária para conter pressões inflacionárias, ela também pode impactar o consumo, os investimentos e o setor imobiliário, que já enfrenta desafios com os custos elevados de financiamento”, avaliou.
Com a decisão, o Banco Central reforça seu compromisso em combater a inflação, mas acende o alerta sobre os efeitos secundários na economia, incluindo o encarecimento do crédito e o potencial desaquecimento de setores como a construção civil e o mercado imobiliário.