Brasileiros usam R$ 20,4 bi do FGTS para comprar casa própria em 2019
Wagner Mauricio Miranda Gras usou o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) para a compra da casa própria. Esta é uma forma comum de usar o recurso e, em 2019, Caixa Econômica Federal registrou 2,6 milhões de saques do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para compra da casa própria, segundo dados enviados a pedido do R7. Os saques totalizaram R$ 20,4 bilhões no período.
Entre 2014 e 2018, foram feitos 10,3 milhões de saques para habitação, o que corresponde R$ 73,3 bilhões.
No caso de Wagner, o FGTS foi uma boa escolha, já que pode abater o valor das parcelas do consórcio imobiliário que comprou. Como não tinha perspectiva de precisar do fundo, já que estava estável no emprego, não pensou duas vezes na hora de solicitar o dinheiro.
Quem, assim como Wagner, tiver saldo no FGTS, pode usar a quantia para a compra de imóveis e construção, para quitar totalmente ou parcialmente a dívida em financiamento no âmbito do SFH (Sistema Financeiro de Habitação) e diminuir em até 80% o valor das prestações em 12 meses consecutivos.
Após checar o saldo disponível, o interessado deve reunir a documentação necessária e entregar em uma agência da Caixa ou correspondente Caixa Aqui. A partir deste momento, os papeis serão avaliados pelo banco, que pode ou não autorizar o uso do saldo do FGTS para a compra.
Alguns documentos necessários para a transação são identidade oficial, extrato da conta vinculada ao FGTS, carteira de trabalho e declaração do imposto de renda.
Critérios da Caixa para uso do FGTS
Como usar
• Compra de imóveis e contrução: saldo pode ser usado na hora da contratação, como entrada de financiamento, que pode ser o valor todo ou uma parcela da dívida;
• Amortização ou liquidação do saldo devedor: saldo pode ser usado para quitar totalmente ou parcialmente a dívida restante;
• Pagamento de parte do valor das prestações: é possível usar o FGTS para reduzir o valor das prestações em até 80% por 12 meses consecutivos.
Características do imóvel
Segundo a Caixa, o FGTS pode ser usado para imóveis de até R$ 1,5 milhão em todos os estados brasileiros que serão destinados à moradia principal do comprador. A regra também determina que o FGTS não pode ter sido usado anteriormente para compra de imóvel há pelo menos três anos, ser residencial urbano, entre outras.
O FGTS não pode ser usado para imóvel comercial, reformas ou aumentar o imóvel, comprar terrenos sem construção ao mesmo tempo, comprar material de construção, compra para familiares, dependentes ou outras pessoas.
O professor dos MBAs da FGV (Fundação Getulio Vargas) Ricardo Teixeira afirma que o FGTS é uma boa escolha em praticamente todos os casos, já que “você tem uma remuneração baixa, do ponto de vista de juros [na conta do FGTS]. Se você vai deixar de pagar juros [na compra do imóvel], é mais que valido”.
Hoje, a Caixa paga 3% ao ano para os brasileiros com saldo no Fundo. A poupança, por exemplo, que é um dos produtos financeiros com menor rentabilidade, pagou juros de 4,26% ao ano (2019).
No entanto, Teixeira ressalta que o consumidor precisa prestar atenção na hora da compra para não desperdiçar dinheiro. Algumas dicas para comprar um bom imóvel são:
• Apostar em áreas valorizadas da cidade. O mercado imobiliário está aquecendo novamente e, ao analisar áreas que eram bem cotadas em um passado não tão distante, a tendência natural é que voltem a ter bons resultados;
• Reformar. Esta pode ser uma forma de valorizar ainda mais o valor do imóvel, desde que o comprador tenha dinheiro suficiente para se endividar;
• Apostar em áreas que devem ser valorizadas. Para fazer isto, é importante que o comprador avalie o plano diretor da cidade em que mora. Neste caso, provavelmente será possível encontrar uma boa oportunidade por um preço baixo e revendê-la por mais caro em alguns anos.
FGTS em consórcios
O consórcio é uma modalidade adotada por alguns brasileiros para a compra de bens de maior valor, como carros e imóveis. Quando a carta for focada na casa própria, o cliente pode utilizar o saldo do FGTS para dar o lance inicial, amortizar ou quitar parcelas.
A coordenadora de produtos consórcios da Sicredi, Raquel Goetz, explica que o dinheiro pode ser usado para acelerar a contemplação do consórcio por meio do lance inicial — quem dá o maior valor leva a carta e, com isso, pode dar entrada no imóvel — ou é possível abater um valor das parcelas mensais e, neste caso, recebe a carta quando for sorteado.
Goetz afirma que, em 2019, 4.019 consorciados usaram o FGTS para pagar a carta de crédito, totalizando R$ 197 milhões. No Sicredi, cerca de 7% dos lances foram dados com valores do FGTS, totalizando R$ 8 milhões no ano. A maioria dos casos usam o recurso para aquisição, enquanto apenas 10% para construção. (R7)