construção civil

Descarte de entulho é feito de forma incorreta em 80% dos municípios

Todos os anos, o Brasil descarta cem milhões de toneladas de entulho. Empilhada, essa sujeira toda formaria sete mil prédios de dez andares.

Em Belém, telhas e tijolos vão parar nas ruas e nas margens dos canais. São 200 toneladas por dia.

Em São Paulo, os pontos de descarte irregular se multiplicam. São mais que 3.500. A prefeitura da maior cidade brasileira recolhe diariamente quase duas mil toneladas de entulho.

Menos de 20% dos municípios do país tratam de forma correta o que sobra de demolições e da construção civil.

“O descarte irregular de entulho gera vetor de doença, gera enchentes, então, uma vez descartando o entulho de forma correta, a gente poupa a vida útil de aterros, a gente economiza a extração de recursos naturais que seriam oriundos de pedreira”, explica Heweron Bartolli, presidente da Abrecon, Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição.

Em Jundiaí, no interior de São Paulo, quem joga entulho em qualquer lugar pode ser multado em até R$ 8 mil. Ecopontos estão espalhados pela cidade e o morador pode descartar até uma tonelada de resíduos de graça.

Já as caçambas contratadas precisam ser registradas pelas empresas e são monitoradas. O controle é feito por um mapa digital. A cor verde mostra que ela está regularizada. A empresa que não faz o registro pode ser multada e ter a caçamba guinchada.

Todo o entulho recolhido na cidade é levado para uma usina que funciona numa parceria público-privada. São 200 mil toneladas por mês. O material é armazenado e classificado e, depois de passar por uma máquina, vira areia e pedras de vários tamanhos.

Os produtos reciclados voltam a ser usados em muitas obras: base para asfalto, para a manutenção de estradas rurais, piso que não empoça água. O entulho ainda é usado para a construção de praças, parques e jardins. Com ele as obras ficam até 80% mais baratas.

“Primeiro é o ganho ambiental. Segundo, é o ganho financeiro. Nós economizamos recursos públicos, que podem ser utilizados em outras áreas da administração, disse Adilson Rosa, gestor de Serviços Públicos de Jundiaí”.

Hoje existem no Brasil 350 usinas como a de Jundiaí. Ademar Bueno, professor de sustentabilidade, diz que para os projetos darem certo é preciso muito mais que integração.

“Um bom trabalho de gestão política, educação para a população, e criação de modelo econômico que seja de um certo modo benefício para todo mundo”, disse Bueno.

A prefeitura de Belém afirmou que o entulho coletado na cidade é usado para a cobertura de lixo doméstico e que duas usinas de reciclagem e seis ecopontos estão em processo de implantação na cidade.
A prefeitura de São Paulo declarou que tem cem ecopontos e pretende aumentar esse número, e que uma lei proíbe o descarte de entulho em locais públicos.
O Ministério do Meio Ambiente afirmou que desde 2010 o país tem uma política nacional de resíduos sólidos e que estados e municípios tem até 2022 para elaborar e atualizar os planos de gestão de resíduos. (Jornal Nacional)

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