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Entenda como o coronavírus pode impactar a construção civil

O novo vírus, que surgiu na China no início deste ano, rapidamente se espalhou pelo mundo inteiro. No Brasil, um empresário de 61 anos vindo da Itália entrou no País trazendo o desafio para cá: como preparar os diversos setores da economia para enfrentar o problema? Em todos os casos, a principal ferramenta tem sido a informação. “O que mais me preocupa é que o trabalhador de base é pouco informado”, afirma Wanderson Leite, CEO da Prospecta Obras, uma big data que mapeia e acompanha obras em andamento e a iniciar em todo o Brasil.

“Não temos números exatos, mas sabemos que muitos pedreiros, serventes de pedreiro e mestres de obra estão acima dos 50 anos. E eles não estão preocupados com esse cenário ou não estão tomando os devidos cuidados. Isso pode ser um problema generalizado.” Leite salienta que, quando se trata de grandes empreendimentos mediados por construtoras, empreiteiras e incorporadoras, os trabalhadores têm acesso à medicina do trabalho e medidas de segurança obrigatórias que atingem o corpo de funcionários.

Engenheiros, arquitetos e fiscais podem dar diretrizes à distância e frequentam os canteiros esporadicamente, quando necessário. O problema mais sério estaria ocorrendo, portanto, entre os executores de projetos de pequeno porte, como casas residenciais ou imóveis menores. “Na obra horizontal é diferente. O trabalhador desse perfil não é tão informado e esse cara continua indo trabalhar, já que o material não faltou na obra ainda.”

A Prospecta não identificou nenhum movimento de redução da produção ou suspensão de projetos, embora os principais eventos do setor já tenham sido cancelados ou adiados. É o caso da Feicon Batimat que, inicialmente prevista para final de março, teve a data alterada para setembro. Negociações comerciais e lançamentos de produtos que seriam anunciados no evento também foram suspensos. “Acredito que esse cenário ainda vai mudar um pouco, as indústrias vão começar a se preocupar mais com seus funcionários e o mercado vai ser atingido diretamente. As negociações estão pausadas e estamos nos organizando. Precisamos reaprender a nos comunicar à distância.”

O que pode faltar?

Produzidos com PVC, os revestimentos vinílicos se tornaram populares no mercado brasileiro por sua resistência, praticidade, conforto e beleza. Fabricados principalmente na China, a previsão é que o produto entre em falta num prazo de até 60 dias, caso a situação não volte à normalidade rapidamente. Segundo o diretor da ePiso, Ilan Tiktin, o aquecimento do mercado da construção e a retomada do setor e venda de imóveis já aumentou o volume de vendas dos pisos vinílicos em 30%. “Se mantiver este ritmo, a previsão é de que a partir de abril comece a faltar o produto no mercado brasileiro.” A marca já aconselha que consumidores antecipem suas compras.

“A gente importa quase tudo da China: ferramentas, pedras, pisos, aço, laminados, uma infinidade de produtos. A matéria prima que também vem da China, como polímeros, sólidos ou corantes que usamos na tinta, fica muito mais barato importar”, conta Geraldo Defalco, presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco). Ele afirma que o varejo de materiais para construção ainda não sente os efeitos da retração da atividade industrial chinesa e italiana, mas salienta que os estoques não devem durar mais do que dois meses. “Se em 30 dias a indústria voltar a aquecer, os estoques cobrem esse período de retração. Mas é uma variável incontrolável neste momento.”

Durante o pico do coronavírus no país de origem, no mês passado, a imprensa divulgou o duro golpe no mercado imobiliário chinês. O impacto calculado é de US$ 43 trilhões, o que representa 25% do Produto Interno Bruto (PIB) daquele país, com as incorporadoras fechando estandes de venda e consumidores adiando negociações de imóveis. As buscas por moradias já começaram a ser retardadas desde 26 de janeiro, assim que os isolamentos tiveram início. Sem poder circular pela cidade, como conhecer novos imóveis? “Ninguém está indo trabalhar. Os empreendimentos imobiliários estão todos paralisados… O impacto certamente será grande”, afirmou a corretora de Pequim, Tina Yu, em entrevista para o Financial Times. (Estado de S. Paulo)

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