Inovação

Especialistas apresentam novos modelos de moradia para idosos

Os engenheiros Caio Calfat, Sérgio Mühlen e Ricardo Soares foram os debatedores do painel “Moradias para seniors no Brasil”, na tarde de quinta-feira, 9/11, durante o I Fórum Moradia para a Longevidade, uma realização conjunta de Secovi-SP, jornal O Estado de S. Paulo e Immaginare. A mediação foi feita pela jornalista Mariana Barros.

Caio Calfat, vice-presidente de Assuntos Turísticos e Imobiliários do Secovi-SP, apresentou dados do crescimento populacional brasileiro, que apontam alta de 10% no número de pessoas com mais de 60 anos. “Em 2050, essa população chegará a 30%”, afirmou, acrescentando que, na cidade de São Paulo, os bairros de Pinheiros, Bela Vista e Jardins concentram a maior parte de idosos acima dessa faixa etária.

Calfat também mencionou os tipos de moradia existentes como asilos, casas de repouso, condomínios, clínicas geriátricas e repúblicas, focalizando o custo mensal e os serviços oferecidos em cada tipo de empreendimento. Para quem pretende atuar neste segmento, ele chamou a atenção para as características destes empreendimentos, destacando a importância da localização, acessos, vizinhança, meios de transporte, fluxo de automóveis, qualidade dos equipamentos urbanos. “O ideal é que seja em uma rua plana e calma, próxima a comércio e serviços.”

O professor da Unicamp, Sérgio Mühlen, contou como surgiu a ideia da construção de um modelo de moradia para professores aposentados da Unicamp. Ele lembrou que uma ex-colega que morava sozinha teve de se mudar para uma casa de repouso, após ficar doente. “Será que não tem uma solução melhor para oferecer? Em breve, isso iria se repetir com todos nós”, disse. Foi assim que o grupo percebeu a necessidade de planejar a vida como aposentado e começou a estudar o tema há três anos.

Segundo ele, há pouco mais de um ano, eles descobriram o modelo de ‘cohousing’, uma espécie de vila comunitária que reúne espaços de compartilhamento de serviços e convivência. “Por que um apartamento bem adaptado não é a melhor solução? Definitivamente, o maior problema do idoso não é a parte física, mas a solidão e a falta de perspectiva. E esse sentimento não é resolvido em um apartamento bem montado”, afirmou, acrescentando que a solução é a vida coletiva. “Esse sentimento de acolhimento e pertencimento é o que conta no final da vida.”

Assim surgiu o Vila ConViver, chamados “comunidades intencionais”, que privilegiam o espírito de colaboração e ajuda mútua, explicou Mühlen, informando que o grupo acaba de constituir a figura jurídica, uma associação de moradores, que será a proprietária do empreendimento. Os moradores serão cotistas. “Atualmente, estamos buscando um terreno na região de Campinas, que deverá abrigar cerca de 40 moradias. Não somos um condomínio convencional. Os nossos valores estão ancorados em seis pilares: comunidade, diversidade, responsabilidade, consenso, sustentabilidade e transparência.”

Ricardo Soares, presidente da Brazil Senior Living, responsável pela criação de uma rede de residenciais de longa permanência para idosos, contou que antes da implantação do empreendimento, ele conversou com mais de 200 famílias no Brasil. Percebeu que, em geral, os familiares não sabem lidar com o idoso com 85 anos de idade, em média, que teve algum problema de saúde.

“Estou falando de um idoso que usa fraldas, cadeira de rodas, toma onze medicamentos por dia, e, muitas vezes, tem algum grau de demência. O residencial para idosos é mais uma instituição de saúde que de hotelaria. Temos uma estrutura assistencial pesada com um time de ponta. Nossa missão é promover a qualidade de vida dos idosos e das suas famílias”, afirmou, lembrando que a empresa começou em 2015 com nove idosos e hoje tem 800 residentes e pacientes em oito unidades. “Até 2018, pretendemos chegar a 2.000 leitos em 13 unidades em São Paulo, Santos e Campinas.”

Ele contou como funciona o local, os serviços disponíveis e os diferenciais, mas, segundo ele, o que determina o sucesso de um residencial é a vida em comunidade. “Tem namoro, tem fofoca, tem senhoras competindo para saber quem está mais elegante. Isso é vida e é melhor do que ficar em casa com a cuidadora, vendo televisão o dia todo”, afirmou Soares. (Secovi)

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