Investimentos na região: Pirelli, com fábrica em Campinas, investirá € 250 milhões na América Latina
A fabricante de pneus Pirelli vai investir € 250 milhões, cerca de R$ 1 bilhão, na América Latina, nos próximos três anos. A maior parte do recursos será destinada à modernização das fábricas no Brasil, onde a companhia tem unidades em Feira de Santana (BA), Campinas (SP) e Gravataí (RS). “Confio no Brasil, um país jovem, que sempre soube se recuperar das suas épocas difíceis”, afirmou o presidente mundial da companhia, Marco Tronchetti Provera, ao Valor.
Segundo o executivo, a Pirelli não precisará pedir empréstimos para cumprir o seu plano de investimentos, que será arcado com recursos do caixa da companhia. A empresa pretende, até o fim de 2020, reformular todas as suas cinco unidades produtivas na América Latina para a versão 4.0, cuja principal característica é a digitalização dos processos de planejamento, produção, distribuição e estudo do consumidor. Totalmente adequada aos novos padrões, a unidade da Pirelli em Feira de Santana foi reinaugurada ontem, a primeira da região a passar por esse processo de transformação.
Os investimentos da companhia fazem parte de um plano mais amplo de aumentar a participação de produtos de maior valor agregado – segmento chamado pela companhia de “high value – na composição das suas receitas. Trata-se de pneus com medida igual ou superior a 18 polegadas, destinados a montadoras como Audi, Mercedes e Land Rover, pneus de carros de passeio de alta capacidade tecnológica e pneus para bicicletas de alta cilindrada, mercado no qual a Pirelli voltou a atuar no ano passado.
O segmento “high value” na América Latina é “pouco representativo”, mas cresceu 29% no ano passado, de acordo com o presidente da companhia. No mundo, a Pirelli tem como meta aumentar de 57,5% para 63% a fatia do faturamento com pneus de maior valor agregado em três anos.
Apesar de otimista, Provera pondera que o Brasil não é hoje um mercado efervescente. “Esperamos que se criem as condições políticas para um quadro mais estável”, disse o executivo.
Provera é presidente da Pirelli desde 1992 e persistiu no cargo mesmo depois da empresa ter fechado capital em 2015, quando foi comprada pela chinesa ChemChina. O executivo também continuou à frente do negócio após a volta da Pirelli à bolsa de valores italiana, no ano passado, em uma oferta de ações dos acionistas que movimentou € 2,4 bilhões. Na ocasião, a ChemChina abriu mão do controle da companhia, mas permaneceu como sua principal acionista com fatia de 45% do capital.
No quadriênio entre 2014 e 2017, a Pirelli investiu também € 250 milhões na América Latina, onde a empresa tem três fábricas no Brasil, uma na Argentina e outra na Venezuela, apesar das turbulências econômicas nesses três países. “Andamos na contramão, enquanto a maior parte das empresas parou de investir na região. Atuamos há mais de 100 anos nesse mercado e confiamos que mais cedo ao mais tarde ele vai se recuperar”, disse Davide Meda, diretor industrial da Pirelli para América Latina, ao Valor.
Segundo Meda, os investimentos que a companhia está fazendo na região ocorrem em ritmo mais acelerado do que o crescimento do mercado local. Por isso, a capacidade de produção excedente servirá para abastecer o mercado americano, maior importador de pneus da empresa produzidos no Brasil. Entre 20% e 25% do que é faturado no Brasil pela Pirelli hoje é destinado à exportação, informou o executivo.
A América Latina representa 17% da receita total da Pirelli. No ano passado, a região cresceu 11,1%, alcançando receita líquida de € 915,7 milhões. Globalmente, o crescimento foi menor, de 7,6%, para € 5,3 bilhões, com avanço de mais de 30% no lucro líquido, para € 263 milhões. A previsão da empresa para este ano é de uma alta da receita de 6% no mundo todo. (Valor Econômico)