Lei criará área específica para empresas de valor
A nova Lei de Uso e Ocupação do Solo (Luos), que está em elaboração na Prefeitura de Campinas, vai definir áreas específicas para a instalação de empresas de transporte e guarda de valores em Campinas. O secretário de Planejamento e Urbanismo, Carlos Augusto Santoro, informou ontem que as áreas que estão sendo estudadas são os condomínios logísticos, o Distrito Industrial e as margens das estradas. O problema de segurança que essas empresas provocam não será de solução rápida, porque a Prefeitura não tem como obrigar as que já estão instaladas a se transferirem para novas áreas, quando a lei for aprovada.
Campinas tem sido palco de assaltos cinematográficos que deixaram a população em pânico, com o tiroteio próximo de suas casas. Os moradores dessas áreas vivem em campanha para que as empresas se mudem de áreas habitacionais. Um dos assaltos, em novembro de 2015, contra a Prosegur no Jardim Mercedes, foi executado por 20 homens armados com fuzis e metralhadoras que chegaram atirando na empresa e trocaram tiros com policiais militares por cerca de 20 minutos. A quadrilha usou seis veículos para bloquear as ruas em volta da empresa e dois caminhões para impedir o acesso pela Rodovia Santos Dumont.
Outra empresa assaltada foi a Protege, no bairro São Bernardo, em março do ano passado. Um bando fortemente armado de fuzis de uso exclusivo das Forças Armadas, explosivos, rendeu vigilantes, incendiou caminhões, atirou em helicóptero da Polícia e realizou um assalto milionário. Em outra ação na mesma empresa, em 2015, a ação da quadrilha durou menos de três minutos. Cerca de 10 bandidos participaram do ataque. Parte rendeu e vigiou os seis funcionários que estavam no local, enquanto outra pegava os malotes de dinheiro. Todos os criminosos estavam com capuz e gorro para tampar os rostos.
Santoro disse que a mudança das empresas dos locais em que estão instaladas exige muitos investimentos em novos cofres e sistemas de segurança e, por isso, a solução será de médio e longo prazo. As novas empresas que chegarem a cidade, após a sanção da nova Luos, terão locais específicos para se instalar. “Mesmo assim, essas empresas não ficam livres de assaltos, porque existe um trajeto a ser feito entre as empresas e os bancos no transporte de valores e esses assaltos podem ocorrer nesse caminho, ou mesmo na chegada aos bancos”, disse.
O fato é que essas ações causam imenso temor à população que reside nas proximidades destas empresas, instaladas dentro do perímetro urbano em bairros altamente populosos. Projeto do vereador Vinícius Gratti (PSB) que visa proibir a instalação dessas empresas no perímetro urbano recebeu parecer contrário do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano (CMDU). O parecer foi publicado ontem no Diário Oficial do Município.
Gratti disse ontem que não vê problemas na proposta que a Prefeitura analisa, porque seu objetivo é que elas não se instalem em áreas residenciais para evitar que a falta de segurança atinja os moradores do entorno, como ocorreu nos últimos ataques. Ele afirmou, no entanto, que as áreas das margens das estradas precisam ser bem analisadas, porque em algumas delas já existe um grande número de moradores. Gratti disse que analisará o parecer do CMDU e poderá fazer alterações em seu projeto. (Correio Popular)