Manutenção da Selic em 15% acende alerta no setor da construção civil
Mercado imobiliário segue pressionado por crédito caro e inflação resistente
Foto: Agência Brasil / Rafa Neddermeyer – O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, por unanimidade, manter a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano, interrompendo um ciclo de elevações iniciado em setembro de 2024. A medida, amplamente esperada pelo mercado, foi justificada pelo aumento das incertezas globais, especialmente em relação à política comercial dos Estados Unidos e ao comportamento dos preços internos. Embora o Banco Central tenha sinalizado estabilidade no curto prazo, a possibilidade de novas altas não foi descartada.
Nos últimos meses, a taxa foi elevada em sete ocasiões consecutivas, em um esforço para conter a inflação persistente. Mesmo com uma leve desaceleração registrada pelo IPCA em junho (0,24%), a inflação acumulada em 12 meses segue em 5,35%, acima do teto da nova meta contínua estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional.
Esse cenário impacta fortemente o crédito imobiliário. Taxas elevadas encarecem o financiamento, afastam consumidores e desestimulam novos investimentos. “A manutenção da Selic em patamar tão alto compromete diretamente a retomada do mercado imobiliário e a capacidade de crescimento da construção civil”, afirma Francisco de Oliveira Lima Filho, presidente da Habicamp. Segundo ele, a conjuntura de juros elevados e inflação fora da meta “trava o acesso ao crédito, prejudica lançamentos e freia a geração de empregos no setor”.

A expectativa do Banco Central é que o IPCA encerre 2025 em 4,9%, mas analistas do mercado, segundo o boletim Focus, projetam um índice de 5,09%, ainda acima do teto da meta de 4,5%. Para o crescimento do PIB, a projeção oficial é de 2,1%, enquanto o mercado estima leve alta de 2,23%. Apesar da aparente estabilidade macroeconômica, o setor produtivo permanece pressionado pelos custos elevados e pela demanda retraída.
A Selic é a principal ferramenta do Banco Central para controlar a inflação, mas seu efeito colateral é frear o consumo e a atividade econômica. No setor da construção, isso se traduz em menos crédito para obras e moradias, e maior cautela por parte de investidores. Diante desse contexto, entidades como a Habicamp alertam para a necessidade de políticas públicas que ajudem a mitigar os impactos do aperto monetário e estimulem o crescimento sustentável da economia e do setor habitacional.