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Mudança facilita venda de imóveis

O anúncio recente de mudanças nos valores de financiamento de imóveis animou
o setor, que prevê aquecimento das vendas a partir de janeiro do próximo
ano, quando as novas regras definidas entrarão em vigor.

Além de elevar o valor de financiamento de imóveis com recursos do FGTS
(Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) de R$ 950 mil para R$ 1,5 milhão, o
governo federal também anunciou incentivos aos bancos para o financiamento
de imóveis de até R$ 500 mil.

Das 1.641 unidades novas disponíveis em Campinas, 750 serão beneficiadas
pelas medidas. O que representa 45,7% das unidades.

“As medidas anunciadas foram muito importantes e vão incentivar o comprador
a adquirir a sua casa própria”, disse o presidente da Abrainc (Associação
Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), Luiz Antonio França.

De acordo com as novas regras, as instituições que financiarem unidade até
esse valor poderão multiplicar o montante por 1,2 na contabilização do
patamar mínimo que deve ser direcionado ao crédito imobiliário. Os bancos
são obrigados a direcionar 65% dos recursos captados da poupança para esse
tipo de financiamento.

“É um incentivo técnico aos bancos que deve contribuir para uma parcela que
ficou no vácuo, que são os imóveis entre R$ 240 mil e R$ 500 mil, já que não
se enquadram dentro do Minha Casa, Minha Vida”, considera França.

De acordo com levantamento do Secovi (sindicato do mercado imobiliário)
Regional Campinas, a faixa entre R$ 240 mil e R$ 500 mil concentra o maior
estoque de imóveis na cidade. São 700 unidades prontas para serem vendidas
nesta faixa de preço. No total são 1.641 imóveis novos vagos em Campinas.

O município tem ainda 510 unidades com valor abaixo de R$ 230 mil, 289 entre
R$ 500 mil e R$ 750 mil, e 92 entre R$ 750 mil e R$ 900 mil.

“Nossa expectativa é que, com essas medidas, haja uma aceleração no setor no
início do ano que vem. É claro que tudo vai depender do processo eleitoral,
mas já temos uma base mais sólida para acreditar em um aquecimento a partir
de janeiro”, disse o presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da
Construção), José Carlos Martins.

Ele lembra ainda que os bancos poderão usar outros indexadores diferentes da
TR (Taxa Referencial), como os índices de preços, na constituição do
crédito, o que vai permitir às instituições negociarem as carteiras de
financiamento com investidores estrangeiros.

“Com a TR sendo o único índice de preço, os bancos não tinham como fazer
esse tipo de negociação e precisavam levar esse contrato por todo o período,
normalmente pelos 30 anos.

Com a mudança, ele pode usar um IGP-M ou IPCA e, assim, se desfazer do
contrato ao longo do tempo e usar os recursos para novos financiamentos”,
diz Martins.

Para o diretor executivo financeiro e de relações com investidores da
Gafisa, Carlos Calheiros, existe uma parcela significante de pessoas que
pretendem financiar imóveis de até R$ 1,5 milhão, mas que não conseguiam
devido à limitação.

Com a crise nos últimos anos, os bancos ficaram mais restritivos para
conceder empréstimo.

Segundo o Secovi, em Campinas existem 50 residências novas e esperando
comercialização dentro da faixa de valores de R$ 900 mil a R$ 1,5 milhão.

“A medida vai ajudar tanto na liquidez do que já tem em estoque quanto para
os futuros lançamentos. Não são medidas que terão impacto imediato, mas que
vão contribuir para o setor ao longo do tempo”, diz Calheiros.

O presidente da Vitacon, Alexandre Lafer Frankel, também comemora as
mudanças, mas considera que a efetividade de novas compras ainda esbarra nas
taxas de juros.

“Mesmo com as reduções dos últimos tempos, os juros ainda são altos e acabam
inviabilizando muitos negócios”, afirma.

O vice-presidente do Secovi-SP, Flávio Prando, tem a avaliação de que as
medidas estão no caminho correto, que seria o da redução do juro do crédito
imobiliário no Brasil.

“Precisamos trazer essas taxas de juros para valores que possam permitir que
pessoas de qualquer classe possam comprar um imóvel”, afirma.

CENÁRIO

Para o diretor Regional do Secovi em Campinas, Marcelo Coluccini, mesmo com
as dificuldades econômicas do Brasil nos últimos anos, que impactaram
diretamente o ritmo da cadeia da construção civil, o setor continua
apresentando resultados importantes na região. “Os números de lançamentos e
vendas e a redução significativa nos estoques de imóveis demonstram a
importância do mercado imobiliário local, e comprovam as grandes
oportunidades de negócios oferecidas em nossa cidade. Quem investir por
aqui, tem, no futuro, a expectativa de alta valorização”, comenta. (Jornal
Todo Dia)

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