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O tombamento foi decidido em votação apertada, por 10 votos a oito, e várias abstenções

O Centro Recreativo e Esportivo de Campinas Doutor Horácio Antônio da Costa (Cerecamp), conhecido como Estádio da Mogiana, é mais novo patrimônio de Campinas. O Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc) tombou ontem o conjunto esportivo de 1940, após seis anos do pedido de preservação feito por pesquisadores do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Campinas e do Centro de Memória da Unicamp. O tombamento foi decidido em votação apertada, por 10 votos a oito, e três abstenções.

A decisão não impedirá que o governo do Estado venda o centro esportivo, mas criará um complicador, uma vez que quem vier adquirir a área terá que manter o estádio. O projeto para a venda está parado na Assembleia Legislativa desde agosto, quando os vereadores Gustavo Petta (PCdoB), Carlão do PT e Fernando Mendes (REPUB), que integram Comissão de Representação da Câmara, e o deputado estadual Rafa Zimbaldi (PSB) conseguiram compromisso do líder de governo na Assembleia, Carlão Pignatari (PSDB), de que o projeto de venda não entrará na pauta de votação até que uma alternativa seja encontrada para o local.

Segundo o presidente do Condepacc, Ney Carrasco, os debates entre os
conselheiros foi intenso. A discussão começou na semana passada e seguiu
ontem, com a deliberação pela preservação. “Encerramos o processo”, disse.
Foram tombadas as construções e o campo de futebol que integram o conjunto esportivo. A resolução de tombamento será publicada no Diário Oficial.

A decisão foi comemorada pelo presidente da Comissão de Representação da Câmara Municipal de Campinas, Gustavo Petta. Ele classificou o tombamento como uma “vitória dos que lutam pelo patrimônio histórico da nossa cidade”. Segundo ele, a decisão dificulta a proposta do governo do Estado de venda do local e abre possibilidade para uso do potencial construtivo do imóvel tombado para sua preservação. “Assim que a decisão for publicada, vamos solicitar que ela seja averbada na matrícula do estádio”, disse.

O presidente do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Campinas,
Fernando Abrahão, um dos autores do pedido de tombamento, comemorou a decisão. “Foi uma votação difícil, e saímos vitoriosos. O estádio é um
patrimônio importante para a área do esporte e do futebol de Campinas”,
disse. Ele lembra também o valor simbólico do estádio, na relação entre o
capital e o trabalho, que gerou como produto um clube.

“O estádio foi construído pelos funcionários da Mogiana, que era a maior
empregadora em Campinas naquela época, como antes havia sido o café e depois da ferrovia, a industrialização”, disse. Sua preocupação é com a preservação da história do local, mas disse que gostaria de entregar à cidade mais uma opção de praça esportiva que tem história que está marcada na alma de Campinas.

Para o dirigente do União Renascer, Ricardo Zimaro, prevaleceu a rica
história da Mogiana aos interesses econômicos e políticos. “O primeiro passo foi dado, mas a luta continua. Nosso objetivo agora é a municipalização do estádio, que possa ser palco de grandes jogos do futebol amador com as arquibancadas lotadas, e quem sabe até possa ser usado pelas categorias de base de Guarani e Ponte Preta”, disse. Zímaro encampou o movimento Salve o Mogiana.

Oficialmente chamado de Centro Recreativo e Esportivo de Campinas Doutor Horácio Antônio da Costa (Cerecamp), o prédio foi construído em 1940, com capacidade para 4 mil pessoas. O Mogiana já foi um dos principais estádios do País.

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