RMC tem 88 ocupações em risco
De acordo com os dados do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) Regional de Campinas, na Região Metropolitana de Campinas (RMC) existem 88 ocupações em áreas de risco. Neste número, segundo o subgerente do Conselho, Victor Chinaglia, não estão computados todos os acampamentos e assentamentos irregulares. “Neste total estão apenas alguns acampamentos localizados em regiões ribeirinhas”, destacou.
De acordo com Chinaglia, outro dado que chama atenção, é o grande número de imóveis construídos ou adaptados sem acompanhamento de um profissional. Segundo o arquiteto, 40% dos imóveis construídos e/ou adaptados para serem moradia, não passaram por acompanhamento profissional. “São os chamados cortiços ou habitações clandestinas onde o proprietário faz adaptações para várias famílias morarem”, explicou.
A exemplo do edíficio Wilton Paes de Almeida, o poder público vem sendo alertado quanto a necessidade de regularização dessas moradias e da criação de políticas públicas voltadas para a questão da moradia. “O Poder Público é alertado tanto pelo CAU como pela sociedade. os vizinhos a estas áreas fazem denúncias e cobram medidas sobre os riscos, mas os efeitos são poucos”, afirmou Chinaglia.
Entre as ocupações mais recentes na região, o arquiteto citou o acampamento Roseli Nunes numa área localizada em Americana, na região do pós-represa e a Granja Caovi localizada nos limites das cidades de Americana, Cosmópolis e Paulínia. Neste casos, Chinaglia cita a necessidade do envolvimento de mais de uma prefeitura para buscar soluções para o problema. No caso da granja, uma cooperativa de Paulínia adquiriu a área ocupada pelas famílias e vai criair um condomínio misto com 500 moradias.
A criação do Plano Diretor Urbanístico da RMC é aguardada com expectativa pelo CAU que espera definir áreas de regularização fundiária.” Nós vamos acompanhar e esperamos definir áreas uma vez que elas estão em periferias e muitas delas exigem o apoio de mais de uma prefeitura”, concluiu.
Chinaglia é um dos arquitetos que produziram a nota oficial divulgada pelo CAU referente ao incêndio, na tarde do dia 1°, logo após a tragédia. No comunicado, o conselho lamenta o ocorrido com as famílias e classifica o caso “como um exemplo do descaso do Poder Público, em todas as esferas, com o atual quadro urbanístico das cidades e com ausência de uma Política Habitacional Nacional consistente aliada à preservação do patrimônio histórico de São Paulo”.
O edifício, projetado pelo arquiteto Roger Zmekhol, em 1961, era um dos melhores exemplos da arquitetura moderna na cidade e foi tombado, em 1992, pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo.
No entanto, segundo o órgão, já estava degradado pelo abandono, falta de manutenção e sucessivas ocupações informais e outras organizadas.
“Sem se entenderem, o governo, nas diversas esferas e a Justiça permitiram que o cenário fosse se perpetuando, o que adiou sua possível recuperação e nova destinação, com potencial para amenizar a precária situação habitacional do centro e dar melhor uso à infraestrutura da região”, traz a nota. (Jornal Todo Dia)