Setor da construção busca startups para romper ciclo de pouca inovação
Estudo recente da consultoria McKinsey revela que o setor da construção
inova pouco, perdendo apenas para o agronegócio no ranking dos setores que
menos usam tecnologia. Empenhado em mudar essa realidade, o magnata inglês
Richard Branson, do conglomerado Virgin, lançou em março deste ano um fundo
de US$ 12,7 milhões para empresas que querem inovar no setor. Construtoras
como a Andrade Gutierrez e a Tecnisa tentam se aproximar de startups para
driblar a morosidade de grandes empresas e trazer inovação a seus processos
– a primeira selecionou dez empresas, em 2017, para testar em suas obras; já
a Tecnisa promove há anos o Fast Dating, um evento ond startups apresentam
suas ideias.
A empresa de software de gestão catarinense Softplan ao analisar o setor,
descobriu que há hoje só 400 startups voltadas ao segmento no País. Sendo
assim, em abril de 2017, nasceu a Construtech Ventures, fundo de
investimentos com recursos da Softplan que detecta oportunidades de negócio
no setor e busca empreendedores para que, juntos, criem startups. Dez
empresas compõem hoje o portfólio do Construtech. “Ficou evidente que a
tecnologia poderia romper o ciclo desse setor que historicamente inova muito
pouco”, diz Bruno Loreto, líder do fundo.
Assim surgiram empresas como a ZeroDistrato, capaz de resolver um problema
bem específico do setor, o distrato, que caracteriza o fim de um acordo
firmado por contrato. A startup pensada pela Construtech Ventures usa big
data e inteligência artificial para prever as chances de um comprador não
arcar com a dívida e, portanto, distratar. “Acertamos em 96% dos casos de
300 mil contratos que já analisamos”, diz Anderson Fagionato, cofundador da
empresa. Hoje a ZeroDistrato tem seis clientes e um faturamento de R$ 40 mil
por mês.
A Softplan, porém, não está sozinha: quatro empresas do setor – Engeform,
Grupo GPS, Temon e Athié Wohnrath, que juntas somam receitas de R$ 4,5
bilhões – fecharam uma parceria com o fundo latino-americano Nxtp Labs e
criaram o Okara Hub, um espaço em São Paulo destinado a hospedar e
incentivar startups voltadas para o setor.
“Queremos acabar com vilões da construção, como o desperdício de materiais,
que chega a 8% do valor total da obra”, afirma Paulo Homem de Melo, líder da
frente de inovação da Athié Wohnrath. Hoje, o centro já abriga 13 empresas,
de diversas cidades brasileiras, como a Construcode, de Salvador (BA), e
CoteAqui, que tem sede em Recife (PE) e Florianópolis (SC). “(A união) das
quatro empresas ajuda muito. Seria mais difícil em contratar ou desenvolver
essas soluções inovadoras se estivéssemos sozinhos. ” (CBIC)