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Unicamp analisa nível da pobreza do Estado de São Paulo

A pesquisa do demógrafo da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Pier
Francesco De Maria, mostrou que os níveis de pobreza do Estado de São Paulo
caíram, mas que isso não implicou em redução da desigualdade entre os
pobres, especialmente entre aqueles em situação de extrema pobreza.

O resultado ficou demonstrado em tese de doutorado que analisou as mudanças
nas dinâmicas sociodemográfica, espacial e migratória da população pobre no
Estado de São Paulo entre os anos de 1991 e 2015. “A renda é um índice
unidimensional importante para avaliar a pobreza, mas insuficiente. Por
isso, temos avançado na análise do que chamamos de pobreza multidimensional,
envolvendo outros aspectos como qualidade da moradia, acesso a serviços,
nível de escolaridade para concorrer no mercado de trabalho, o fato de estar
trabalhando e assim por diante”, explicou Pier De Maria.
O autor da tese afirma que a combinação de metodologias e indicadores, a
partir do Censo Demográfico (1991, 2000 e 2010) e da PNAD (Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios anual, 1992 a 2015), permitiu observar a
trajetória da pobreza no Estado e a sua evolução socioespacial.
A desigualdade de renda entre os extremamente pobres tem aumentado com o
passar do tempo, refletindo uma combinação da heterogeneização da pobreza
com a desigualdade no acesso às políticas de transferência de renda.
“Como índice unidimensional seguimos o critério usual no Brasil, que atribui
até meio salário mínimo de renda para o pobre e de um quarto do salário para
o extremamente-pobre; os vulneráveis à pobreza são aqueles que ganham de
meio a dois salários (em torno de 1.800 reais, valor este obtido
considerando que a cesta básica é só uma porção da renda necessária) e,
acima disso, estão os não-pobres. Como índices multidimensionais, adotamos
duas metodologias distintas, uma nacional e outra internacional, cujos
resultados, numa escala que vai de zero a 1 (quanto mais próximo de 1, pior
a condição do indivíduo), foram estratificados conforme sugerido na
literatura”, comentou.

EM CAMPINAS
Outro resultado obtido por Pier De Maria é que o nível de desigualdade no
Estado não caiu o quanto poderia, por dois motivos, independentes e
combinados entre si: primeiro, que a desigualdade entre os
extremamente-pobres triplicou de 1992 a 2015; segundo, que os níveis de
pobreza e a dinâmica da desigualdade onde o IBGE define como região
intermediária de Campinas, destoam do restante do território paulista.
“Se retirássemos essa RI, a desigualdade no Estado seria em torno de dez por
cento menor, com índice de 0.54 contra o registrado de 0.6. Isso significa
que nessa região talvez tenhamos maior número de pessoas de mais alta renda
ou muito próximas de um índice multidimensional de pobreza igual a zero; ou,
ainda, uma concentração de pessoas nem tão grande, mas ricas, em meio a um
contingente maior de pessoas de baixa renda e níveis altos de pobreza.”
Por fim, ao dividir os municípios paulistas utilizando o índice de Gini (que
mede a desigualdade) e os índices de pobreza multidimensional, o pesquisador
chegou a uma regionalização com cinco grupos: áreas de menor pobreza e
desigualdade, áreas de transição da pobreza, áreas de transição da
desigualdade, áreas de maior pobreza e desigualdade, e áreas de contradição.
estas áreas, além de terem diferenças nos índices de pobreza e desigualdade,
guardam distinções em termos de participação industrial, vulnerabilidade
social, tamanhos de municípios e indicadores demográficos. (A Cidade On)

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