Campinas quer se tornar a capital da tecnologia
A tecnologia se transformou em um importante pilar para o desenvolvimento econômico dos países. Para criar um ecossistema consistente que garanta a atração de empresas, e geração de emprego e renda, os governos municipais criam leis de incentivos fiscais. Em Campinas, mais de duas mil empresas se beneficiam da redução de taxas e impostos por meio das leis nº 14.947/2014 (empresas de vários setores, incluindo de tecnologia) e 14.920/2014 (startups). E a administração municipal deve apresentar novidades no próximo ano, como a criação de um Arranjo Produtivo Local (APL) na área de softwares.
Representantes do setor produtivo afirmam que impulsionar o setor, além de trazer mais competitividade para as empresas, auxilia muito na criação de novos negócios e atração de empresas para se instalarem na região. Outra vantagem é garantir que a região seja celeiro de mão de obra qualificada na área de tecnologia. O fato de a região ter universidades e institutos de pesquisa soma mais um ponto positivo para a Região Metropolitana de Campinas (RMC).
A lei nº 14.947/2014 estabelece benefícios como alíquota de 2% do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) e isenção do Imposto sobre Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU), conforme condições estipuladas nos dois textos.
O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Social e Turismo, André von Zuben, afirma que as legislações são ferramentas importantes como política de fomento da área de tecnologia. Porém, ele ressalta que não são os únicos fatores que impulsionam o setor em Campinas. “Mais de duas mil empresas já utilizam a lei. Mas o crescimento do setor de alta tecnologia em Campinas não vem se consolidando apenas por termos uma legislação. Temos outros vetores relevantes, como mão de obra qualificada, institutos de pesquisa, universidades e um ecossistema cada vez mais forte”, comenta.
Ele ressalta que o setor de tecnologia está cada dia mais competitivo e que as legislações que oferecem benefícios fiscais são relevantes para permitir um fortalecimento das empresas. “A disputa pela instalação de empresas de tecnologia é grande entre as cidades. Mais empresas da área de tecnologia possibilitam mais dinâmica na economia. Em Campinas, elas são um grande motor de desenvolvimento sustentável e de geração de renda”, acentua.
O secretário diz que Campinas e região vêm consolidando um ecossistema diversificado por meio da chegada de novas empresas, das startups e de ações como a criação de núcleos. “Campinas hoje tem um agropolo na área de biotecnologia. No próximo ano, vamos implantar um Arranjo Produtivo Local (APL) na área de softwares. A iniciativa tem a participação do Núcleo Softex Campinas. Temos outros projetos que iremos trabalhar em 2018. Campinas é a cidade da tecnologia e da ciência no País e vamos reforçar cada vez mais essa marca”, frisa.
Von Zuben afirma que ter um ecossistema forte na área de tecnologia tem impacto sobre outras cadeias produtivas que precisam dos produtos e serviços do segmento para o desenvolvimento de bens. “A tecnologia hoje faz parte de tudo”, observa.
O secretário ressalta que o papel do poder público é articular os diferentes agentes do setor e criar um ambiente propício para o desenvolvimento das empresas. “Temos vários planos que vamos implantar, a partir do próximo ano, como dar apoio técnico às startups, por meio de mentorias. Faremos parcerias com instituições que possam disponibilizar laboratórios e dar outro tipo de suporte para que as startups cresçam”, comenta.
Competitividade
O executivo de Finanças do Instituto Eldorado, Renato Padovani, afirma que as leis de incentivos para empresas de base tecnológica aumentam a competitividade do setor. “Reduzir IPTU e ISSQN traz impacto para o equilíbrio financeiro. A estimativa de custo tem uma melhora. Mas Campinas e a região têm diferenciais que vão além dos benefícios fiscais. O principal incentivo é ter um ecossistema consolidado e forte. Dessa forma, mais empresas querem vir para cá e nascem startups que conseguem se firmar e crescer”, diz.
Ele comenta que o fato de a região ser um polo de inovação e tecnologia atrai recursos humanos qualificados. “Muitos estudantes entram nas faculdades que temos na região como a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e PUC (Pontifícia Universidade Católica de Campinas)”, afirma. Padovani ressalta que a retenção de talentos é imprescindível para garantir o crescimento do setor na região.
O executivo diz que a redução de impostos foi um dos fatores que permitiram um crescimento vertiginoso do instituto nos últimos anos. “Nós crescemos quase três vezes o tamanho que tínhamos em 2009, um pouco depois da crise financeira que afetou a economia mundial. Os incentivos foram um fator importante no momento de decidirmos fazer investimentos e ampliações”, pontua Padovani. (Correio Popular)