Preservação da arquitetura urbana é um dos grandes desafios atuais
Os prédios mais antigos carregam um significado histórico importante para a
sociedade, pois o tempo deixa marcas que refletem no estilo de vida da
população de cada época, já que cada período apresenta uma arquitetura
característica.
Por outro lado, existem os interesses do setor imobiliário que adquire
alguns desses imóveis para realizar novos projetos. Um fato recorrente, como
por exemplo, foi a expansão urbana em São Paulo que contribuiu para a
demolição dos casarões dos barões do café, na Avenida Paulista.
Mas, nos dias atuais, a moda é preservar os bens naturais e culturais que em
tempo de globalização é o que vai dar significado à identidade cultural
local.
Há muitas maneiras pelas quais uma edificação pode ficar desatualizada. Além
do fator estético, elementos funcionais, da estrutura e infraestrutura
tendem a perder sua eficiência com o passar do tempo. Em muitos casos é
importante manter as características originais da obra, como acontece em
relação aos prédios históricos.
Segundo Heloisa Dabus, Sócia-Diretora da Dabus Arquitetura, “é essencial que
se invista na recuperação de construções antigas, pois memória e cultura são
dois pontos fundamentais na cidadania, na história e nas relações humanas
dentro de uma cidade”.
Para a revitalização de construções antigas com a preservação de aspectos
originais, que atendam às exigências e padrões atuais surgiu o Retrofit, uma
técnica bem conhecida na Europa e nos Estados Unidos, por volta dos anos 70,
que traz uma nova funcionalidade a estas construções. No Brasil, o excesso
de terra a preços baixos retardou a consciência do setor para a recuperação
de construções históricas.
No final da década de 90 é que o Brasil passou a ganhar destaque, não só com
relação a prédios isolados, mas também na revitalização de áreas ou regiões
inteiras, abrangendo seus bairros, ruas, com estilo próprio.
Para a Dabus Arquitetura, que está no mercado há 30 anos, um dos benefícios
do Retrofit é a possibilidade que essa técnica traz de reabilitar com
sucesso edifícios defasados com segurança e funcionalidade, restituindo a
beleza, ao invés de reconstituir tudo do zero, um trabalho que seria
naturalmente dispendioso. Sem falar que o valor simbólico do patrimônio
seria perdido, a exemplo da obra do Banco de Tokyo, na Av. Paulista, quando
a empresa reformou 5 andares do prédio.
É fundamental que a sustentabilidade permeie as obras de revitalização dos
espaços para novos usos, que se revigoram, geram novos empregos e atraem
fluxos importantes, como o turístico, através de processos menos poluentes e
materiais versáteis.
“Como utiliza tecnologias, materiais e métodos avançados, o processo permite
agregar até cinco vezes o valor do metro quadrado em comparação ao imóvel
antes da obra. Sustentabilidade, conforto, termoacústica, acessibilidade e
maior durabilidade são algumas das implementações possíveis”, ressalta a
arquiteta Heloisa Dabus.
Portanto, a preservação da arquitetura urbana é um legado que se herda do
passado e que é transmitido para as gerações futuras. Os arquitetos e
urbanistas desempenham papel determinante no desenvolvimento de metodologias
e técnicas de preservação, cabendo à sociedade civil e ao poder público
proteger e promover os bens históricos. (Terra)