Recuperação do Cotuca será realizada em 2020
O antigo prédio do Colégio Técnico de Campinas (Cotuca) será restaurado para receber a Campinas Decor 2020, e vai marcar os 25 anos da maior mostra de arquitetura, decoração e paisagismo do Interior paulista. O prédio está fechado desde 2014, quando um laudo apontou problemas estruturais. Desde então, as atividades do Cotuca foram transferidas para um prédio alugado por R$ 127.980,00 mensais, no bairro Taquaral.
A realização da edição comemorativa no Cotuca será possível graças a um
convênio de permissão de uso firmado entre a organização do evento e a
Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), assinado na última quarta-feira (24) durante a inauguração da mostra 2019, com a presença do reitor, Marcelo Knobel. O termo tem como objetivo a cooperação entre a universidade e a iniciativa privada para a conservação do imóvel.
A mostra desse ano acontece na Rua Barreto Leme, no prédio do Antigo Colégio Ateneu, no Cambuí, e estará aberta ao público a partir de amanhã.
“O evento de 2020 será muito importante para nós, pois irá concretizar uma
história de 25 anos de muito trabalho e muitas conquistas. Por isso estamos
muito felizes em poder anunciar desde já essa grande novidade, que será a
recuperação de um prédio de tamanha importância para a cidade de Campinas”, afirma a diretora da mostra, Sueli Cardoso.
O professor Marcelo Knobel, reitor da Unicamp, ressaltou que a decisão sobre o Cotuca ocorre depois de muitas negociações. “Quando saímos da Rua Culto à Ciência, todas as lojas e estacionamentos fecharam, o entorno ficou bastante degradado. Já conversamos com a Prefeitura para aproveitar o momento e recuperar aquela área. O Cotuca é um prédio histórico, considerado um dos projetos mais importantes de Ramos Azevedo e realmente representará mais um grande benefício da Campinas Decor para a nossa cidade — e será um dos maiores desafios, porque o prédio é gigantesco e complexo”, afirma Knobel.
Depois da realização da mostra e o trabalho de recuperação que será
realizado pela organização, expositores, patrocinadores e fornecedores, o
colégio poderá voltar a funcionar no local após cinco anos da interdição, e
a expectativa é de que isso aconteça já em agosto de 2020.
Durante as obras de preparação da mostra, organização e expositores irão
reconstruir o telhado, recuperar pisos e revestimentos, consertar portas e
janelas e modernizar as redes hidráulica e elétrica das edificações que
compõem o complexo do colégio.
A Campinas Decor vem recuperando bens do patrimônio público desde 2003, quando promoveu a reforma do Casarão do Lago do Café, Estação Guanabara (2008), os prédios do Instituto Agronômico de Campinas (2009 e 2010), a Estação Cultura (2011), a Casa de Vidro (2016) e a sede da Fazenda Argentina (2017). No total, já foram investidos cerca de R$ 18,5 milhões em
benfeitorias nesses prédios históricos.
O prédio do Cotuca tem área aproximada de 4.000m2. Por se tratar de
patrimônio histórico, qualquer intervenção precisa ser autorizada pelos
Conselhos de Defesa do Patrimônio Histórico e Cultural (Condepac) e
CONDEPHAAT (Estado SP). São 4.000m2 em dois edifícios tombados, e mais
1.000m2 de outras áreas construídas, numa área útil total de 6.734m2.
Os valores necessários para a recuperação do prédio não foram divulgados.
“Há estimativas de custos feitas pela Unicamp nos últimos anos para
recuperação do prédio principal. Como o evento irá contemplar todo o
complexo de imóveis, ainda são necessários estudos. Mesmo para o prédio
principal, deverão ser realizados estudos para aprofundarmos os valores
estimados”, informa a universidade.
Prédio fica no Botafogo e está interditado desde 2014
O prédio do Cotuca, na Rua Culto à Ciência, no Botafogo, foi interditado na
tarde de 12 de fevereiro de 2014 por problemas estruturais no telhado. A
direção do colégio informou à época que foi feita uma avaliação, como
acontece todos os anos, e a Comissão Permanente de Obras observou problemas na cobertura do prédio principal. Na expectativa das chuvas previstas naquela semana, considerou mais seguro esvaziar o prédio. “Não houve intervenção externa. Foi a gente da Unicamp que, após avaliação, achou por bem esvaziar o prédio. Como este ano a seca foi muito grande, a comissão ficou insegura em relação a risco de temporais. Por isso e por conta da nossa reorganização, suspendemos as aulas até sábado”, disse Teresa Celina Meloni Rosa na ocasião.
As aulas chegaram a ser suspensas, depois foram transferidas para o campus de Barão Geraldo. Posteriormente, foi alugado um prédio na Rua Jorge Figueiredo Correa, no Taquaral. O funcionamento do Cotuca continua nesse local, ao custo mensal de R$ 127.980,00. O prédio do colégio foi doado em testamento pelo abolicionista Bento Quirino. A intenção dele era de que no local funcionasse uma escola técnica. A construção do edifício foi concluída em 1918 e foi ocupado pelo Cotuca a partir de 1967. O prédio é tombado como patrimônio histórico e cultural desde 2001. (Correio Popular)