Campinas

Unicamp quer manutenção de área da Estação Guanabara por mais 90 anos. Local deve receber grande empreendimento imobiliário

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) negocia a manutenção da gestão da Estação Guanabara e do Armazém do Café, onde funcionam o Centro Cultural de Inclusão e Integração Social (CIS-Guanabara,) por mais 90 anos. O termo de comodato que a universidade possuía, de 30 anos, venceu em janeiro e foi prorrogado até junho, tempo em que a empresa proprietária dos imóveis tombados como patrimônio, pretende obter da Prefeitura o alvará para a implantação de um empreendimento na área.

De acordo com o pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários, Fernando Hashimoto, as negociações estão avançadas e a continuidade da gestão irá permitir novos investimentos no local, com a ampliação do centro cultural.

Está nos planos, por exemplo, a instalação de cinema e equipamentos mais adaptados para a população. Como se trata de imóvel de propriedade privada, a negociação, segundo ele, caminha para a proprietária transfira a estação e o barracão para a Prefeitura, que então cederia os bens para a Unicamp, por meio de um comodato por 90 anos.

A Estação Guanabara, patrimônio histórico da cidade desde 2004, foi construída entre os anos de 1883 e 1915. A Unicamp administra os imóveis desde 1990, quando um termo de comodato por 30 anos foi assinado com o governo do Estado, à época proprietário dos imóveis. Em 2010, uma área de 113 mil metros quadrados, incluindo a estação e o barracão, a Vila MacHardy, foi vendida ao Instituto Paulista de Estudo e Pesquisa (Ipep), que planejava implantar um complexo educacional na gleba. Apesar da venda, o contrato de comodato que a Unicamp mantinha com o Estado foi preservado até o final, mesmo após o Ipep ter vendido a área para a BDI Real Estate, gestora imobiliária que também atua na área de ativos estressados. O Correio não conseguiu contato com a empresa.

O projeto para a área está na Prefeitura e segundo o secretário de Planejamento, Carlos Augusto Santoro, em início das tratativas para a aprovação. O projeto está incluído na faixa de grandes empreendimentos comerciais, como shopping.

Condepacc

O Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc) e o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado (Condephaat) aprovaram a proposta para a área. O presidente do Condepacc e secretário de Cultura Ney Carrasco, o interesse é que o centro cultural permaneça sob gestão da Unicamp. O empreendimento proposto e aprovado no conselho prevê a ocupação das pontas do terreno, com preservação dos imóveis tombados.

O Espaço Cis-Guanabara passou por restauro em 2008, em uma parceria com o Campinas Decor. Na época, houve a recuperação das fachadas externas, caixilhos, conservação nas paredes e na Gare metálica, além de manutenção, incluindo a instalação da rede elétrica e hidráulica. Desde então abriga as atividades do Centro Cultural Unicamp.

O Centro Cultural Unicamp conta com sete Salas Multiuso, cujas capacidades variam de 15 a 45 lugares, com diversidade de mobiliários e recursos multimídia, no prédio da Estação Guanabara, além de dois espaços no antigo Armazém do Café com capacidades de 80 e 250 lugares, a Gare com área coberta aproximada em mil metros quadrados e estacionamento com aproximadamente 140 vagas.

Ali são desenvolvidos projetos culturais, de educação e lazer para a comunidade. O espaço abriga também o Projeto Guri, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo.

O projeto é considerado o maior programa sociocultural brasileiro e oferece, nos períodos de contraturno escolar, cursos de iniciação musical, luteria, canto coral, tecnologia em música, instrumentos de cordas dedilhadas, cordas friccionadas, sopros, teclados e percussão, para crianças e adolescentes entre 6 e 18 anos. São oferecidos cursos de clarinete, contrabaixo acústico, coral juvenil, flauta transversal, percussão, saxofone, trombone, trompete, viola, violino e violoncelo.

Atuação de comissão vai ser ampliada

A Comissão de Representação da Câmara, presidida pelo vereador Gustavo Petta (PCdoB) e formada no ano passado para tentar reverter a intenção do governo do Estado de vender o Estádio da Mogiana, ampliou os trabalhos e vai incluir o acompanhamento das negociações para a manutenção da Estação Guanabara e o Armazém do Café sob gestão da Unicamp.

Para o parlamentar, a permanência com a Unicamp é essencial para garantir o local como espaço cultural, educacional e de lazer à comunidade. “Não podemos perder aquele espaço, tem vários projetos e programas, inclusive sedia o Projeto Guri” , afirmou. A comissão, informou, fará uma audiência pública, convidando os envolvidos no projeto.

A autorização de venda do Estádio da Mogiana está parada desde o ano passado na Assembleia Legislativa. A comissão conseguiu do deputado Carlão Pignatari (PSDB), líder do governador João Dória na Assembleia, o compromisso de que o projeto de venda não irá à votação antes de um novo encontro com a Comissão de Representação, e que o governo do Estado vai procurar buscar uma alternativa. (Matheus Pereira/AAN)

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